A comunidade surda tem um espaço importante de aprendizado em Paranaguá, a Escola Bilíngue Nydia Moreira Garcez. O Setembro Azul é uma campanha voltada para a visibilidade desta comunidade no Brasil, com o objetivo de realizar ações para trazer conscientização e homenagens a essa população. Com isso, a escola não poderia ficar de fora e programou uma ação especial para valorizar os alunos que passaram pela unidade e estão no mercado de trabalho.
O Setembro Azul surgiu a partir da luta da comunidade surda por seus direitos. A escolha do mês é repleta de significados na cultura e história nacional e internacional. No dia 10 é comemorado o Dia Mundial das Língua de Sinais, no dia 26 é o Dia Nacional dos Surdos, no dia 30, Dia Internacional dos Surdos.
“Em comemoração ao Setembro Azul, a escola para surdos Nydia Moreira fez uma programação diferenciada dos anos anteriores devido a todo esse momento da pandemia que estamos passando, de distanciamento, e por trabalharmos com crianças, precisamos ter um cuidado redobrado”, afirmou a diretora da escola, Fátima do Rocio de Souza Gonçalves.
Aprender pelo exemplo
Como forma de mostrar às crianças matriculadas na escola que a surdez não é um empecilho para que elas possam realizar seus sonhos e construir uma carreira profissional na área que desejarem, profissionais surdos de diversas áreas foram convidados para contar suas experiências.
“O tema das nossas comemorações é Surdos na Sociedade, procuramos trazer surdos adultos que foram alunos da escola e que hoje atuam em diferentes áreas, trabalham em diferentes profissões, para mostrar para nossas crianças que o surdo quando cresce pode trabalhar no que ele gostar. Elas precisam desse modelo”, disse Fátima.
Os professores escolheram alguns surdos de Paranaguá para fazer uma linha do tempo. “Foi escolhida uma professora que está fazendo faculdade, que hoje é empreendedora, que revende produtos de beleza. E isso é algo que salta aos olhos, pois em um primeiro momento, podem pensar que ela só venderia para surdos devido a comunicação, mas ela está nas redes sociais vendendo os produtos para todos os públicos”, contou Fátima.
Esse e outros profissionais surdos da cidade foram escolhidos para fazer parte de uma linha do tempo da escola, que posteriormente será publicada nas redes sociais.
“Já foram realizadas algumas entrevistas com mães que chegaram à escola nessa período de pandemia, cujos filhos nunca tinham ido para a escola. Foi muito gratificante ouvir relatos emocionados dessas mães”, disse Fátima.
O objetivo, segundo a diretora, é mostrar desde quando eles chegaram na escola até se tornarem os profissionais que são hoje. “Para que eles contem os desafios e as conquistas para que hoje eles possam servir de exemplo para as nossas crianças. Temos que valorizar essas trajetórias, o fato de termos em Paranaguá uma escola bilíngue, tudo isso faz muita diferença na formação dos surdos”, enfatizou Fátima.
Um material fotográfico será produzido pela equipe com a história dos alunos. “Queremos fazer um resgate fotográfico da escola com esses personagens que hoje são adultos e trabalham. Como qualquer outro cidadão, independente de ser surdo ou não, nós adultos fazemos as nossas escolhas”, finalizou Fátima.