Editorial

Por um ensino de várias cores

“E o racismo é absurdo porque gira em torno da aparência. Não do sangue que corre em suas veias”, diz a escritora Chimamanda Ngozi.

Através da Lei n.º 10.639/03, a história e a cultura afro-brasileiras tornaram-se conteúdos obrigatórios em sala de aula.

Porém, é importante destacar que os ensinamentos devem ser colocados em prática não apenas em datas comemorativas, mas no dia a dia escolar e acadêmico.

Isso porque, apesar de o tema da diversidade racial ainda ser tratado com raridade na comunidade escolar, ele está em pauta nos principais acontecimentos sociais. E está enraizado, acima de tudo, negativamente no cotidiano, através da discriminação e do preconceito embasados por conta dos pertencimentos raciais.

A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi, uma das autoras contemporâneas de maior destaque na atualidade, resume bem o preconceito racial atrelado às culturas sociais: “E o racismo é absurdo porque gira em torno da aparência. Não do sangue que corre em suas veias”.

É contraditório dizer que não é racista, mas na prática, ensinar às crianças, por exemplo, que negros, brancos e amarelos são diferentes. O papel da igualdade deve ser desenvolvido em casa, na escola e em qualquer ambiente social. Mas é nas instituições de ensino, principalmente, que as crianças aprendem e compreendem com facilidade, em função da diversidade racial na convivência com outros estudantes, a importância da igualdade.

Em Paranaguá, a Escola Municipal Almirante Tamandaré, conforme noticiado em matéria nesta edição, dá um belo exemplo. A instituição realiza com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental atividades pedagógicas que ressaltam o respeito pelas pessoas e a diversidade cultural e racial no Brasil.

A iniciativa deve servir como modelo para toda a comunidade escolar, de forma que as crianças aprendam desde cedo que frases como “amar ao próximo” e “somos todos iguais” não devem se fazer presente apenas em discursos.

Certamente, com mais respeito e menos intolerância, quem ganha é toda a população. E isso reflete não apenas em grupos fechados, mas acima de tudo, nas ações e reações da sociedade.

Para alcançar os resultados desejados, portanto, é preciso acabar com o mito de que não há racismo no Brasil, pois ele é forte e está presente em um discurso, em uma “piadinha sem graça”, em uma afronta, ou até mesmo como uma condicionante ao ser humano.

Enfim, é essencial que desde cedo as crianças possam aprender, conhecer e compreender diferentes realidades e respeitá-las. E absorver o ensinamento de que a experiência social de um País é muito maior do que a experiência local, individualista, pois a sociedade é formada por civilizações, histórias, culturas, grupos sociais e raças diferentes.

O diferente é belo. E precisa ser respeitado.

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