“A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. A famosa frase do sociólogo e educador Darcy Ribeiro traduz a situação dos níveis educacionais do País e levanta reflexões sobre a conjuntura precária da educação pública no Brasil. E quando se fala em educação, não se deve apenas intitular o modelo aluno-professor e sala de aula.
A educação, no teor da palavra, significa desenvolver a capacidade intelectual, física e moral de uma pessoa, e inclui o ato de educar, instruir. Ela é polidez e disciplinamento. Quando ela chega às salas de aula, ela cumpre uma etapa do seu papel. Mas, quando ela chega com ensino de qualidade e condições de estrutura a alunos e educadores, ela então cumpre com totalidade o seu papel social.
Para que a educação seja colocada em prática, é necessário um conjunto de ações e regulamentações que vão desde o sistema de ensino às condições estruturais dos estabelecimentos educacionais, além da qualificação, preparação dos gestores e uma base de investimentos, que no caso das escolas públicas são oriundos do Governo.
A educação já não é crise. Ela, há muito tempo, tem sido vista como um projeto de desconstrução. Mas, ela deveria contribuir para o futuro do País.
Prova disso é quando se tem parlamentares campeões de votos enfatizando serem contra investir mais dinheiro na educação. “Não adianta nada! Nossos professores hoje lamentavelmente não sabem ensinar”. É o que disse uma deputada federal no plenário da Câmara, na última semana. Portanto, este discurso atesta que o projeto de educação realmente está falido.
Junto a isso, nesta semana, os brasileiros acordaram com uma polêmica de aulas de Educação Moral e Cívica. O hino nacional deve ser então obrigatório nas escolas? E a filmagem dos alunos cantando o hino e lendo um slogan de governo partidário? Seria este o civismo a se esperar de um País tão falho no sistema da educação pública ?
É pertinente cantar o hino, valorizar o País e ser patriota. Isso é ensinamento de vida, é óbvio e não se discute. Porém, uma boa educação precisa antes de mais nada, de gestão e viabilidade. É válido refletir sobre a diferença que fará uma filmagem como pressão e prova material diante da quantidade de escolas sucateadas e de crianças que nem sequer têm acesso à educação.
O Brasil possui 2.486.245 crianças e adolescentes de 4 e 17 anos fora da escola, segundo levantamento feito pelo Movimento "Todos Pela Educação" com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).
Uma das maiores especialistas em comportamento e clima escolar do Brasil, Telma Vinha, resume o atual cenário no ensino: “Numa sociedade democrática, você é convidado a pensar as regras. Num outro modelo é coagido a obedecê-las. Por trás deste modelo, o que impera é a obediência pelo medo”. Vale refletir!