A participação na receita das exportações do agronegócio do Paraná na balança comercial brasileira aumentou de 13,19% em 2015 para 13,54% no ano de 2016. A abertura de novos mercados impulsionou as exportações do agronegócio paranaense no ano passado, contribuindo para dar sustentação à balança comercial do Estado. Os produtos do agronegócio são os que mais pesam na balança comercial do Estado, correspondendo a 75% de todas as exportações paranaenses realizadas no ano passado.
Apesar do aumento da participação do agronegócio paranaense em relação ao brasileiro no ano de 2016 e forte participação no resultado final da balança comercial, houve redução em volume e receita do agro paranaense, mas em menor proporção do que a ocorrida no brasileiro. Enquanto no âmbito nacional a queda na receita foi de 3,73%, na estadual a redução foi de apenas 1,2%. Já em relação ao volume, o recuo nas exportações brasileiras foi de 2,68%, enquanto que no Paraná foi de 2,36%.
CHUVAS
Vários fatores contribuíram para a redução das exportações do agronegócio paranaense, sendo o principal deles a perda de 5 milhões de toneladas de milho e soja por causa do excesso de chuvas na colheita da safra 2015-2016. Os dois produtos deixaram de circular no Estado na forma de grãos, carnes e derivados, refletindo nas exportações do agronegócio paranaense.
A variação do câmbio também influenciou no resultado final do faturamento. A receita do agronegócio paranaense, em 2016, atingiu US$ 11,5 bilhões, cerca de US$ 140 milhões a menos que no ano anterior, quando o faturamento atingiu US$ 11,64 bilhões.
Produtos como soja e carne de frango continuam na liderança das exportações, mas no ano passado, o aumento das exportações de açúcar e de carne suína foram os principais destaques que influenciaram no aumento das exportações do Paraná.
Para o secretário da Agricultura Norberto Anacleto Ortigara, o desempenho poderia ter sido melhor, no entanto, clima, economia instável, câmbio com oscilações e o recuo nos preços das commodities foram os principais fatores que influenciaram na balança comercial do Estado e do País.
“Esperamos um cenário melhor para 2017 diante da expectativa de uma safra de primavera/verão de 23,1 milhões de toneladas, aproximadamente 15% superior à obtida na temporada passada e que está próxima de ser consolidada com a intensificação da colheita que está em fase inicial. Isso anima o setor produtivo, dá um fôlego maior aos produtores e a indústria da carne de frango, que trabalharam com margens apertadas em 2016”, disse Ortigara.
O diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Francisco Carlos Simioni, explica que o carro-chefe das exportações paranaenses ainda são os produtos do agronegócio.
“Em 2016, apesar das influências da política brasileira que atingiram setores vitais da economia, os produtores rurais paranaenses continuaram investindo em tecnologia, em insumos de base como uma adubação bem feita e no uso de máquinas e recursos modernos, caminhando para uma agricultura moderna, de precisão no Estado”, ressaltou.
A soja em grão continua como líder de exportação, ao lado da carne de frango. No ano passado, no Estado, foram exportados 7,97 milhões de toneladas de soja, volume 2,5% acima do ano anterior (2015). Apesar do aumento na exportação, a receita foi menor por causa da variação do dólar. Em 2016, a receita acumulada com a exportação de soja foi de US$ 2,95 bilhões, que corresponde a uma queda de cerca de US$ 500 milhões em relação ao ano anterior, quando o valor das exportações da oleaginosa atingiu um total de US$ 3 bilhões.
Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, o câmbio variou muito durante todo o ano de 2016, o que influenciou no resultado final. O principal destino da soja paranaense foi a China, que importou 89,2% de todo o volume embarcado, correspondendo a 7,11 milhões de toneladas enviadas para aquele País. Outros países como Tailândia, Taiwan, Paquistão e Rússia também compraram a soja paranaense.
Em contraponto à soja, o milho – que se destacou na pauta de exportações em 2015 -, teve queda de cerca de 50% no volume exportado no ano passado. Em 2016, o Paraná exportou apenas 1,84 milhão de toneladas de milho em grão, praticamente a metade do ano anterior (2015), quando foram exportados 3,64 milhões de toneladas.
A receita caiu na mesma proporção. Segundo Edmar Wardensk Gervásio, responsável técnico estadual pela área de milho no Deral, o faturamento com as exportações de milho atingiram US$ 305 milhões no ano passado, contra US$ 608 milhões em 2015. Em 2016, o Paraná e o Brasil tiveram queda na produção de milho por causa de problemas climáticos. A redução da oferta do produto provocou forte aquecimento da demanda e elevação dos preços no mercado doméstico, o que contribuiu para reduzir as exportações. “A prioridade foi garantir o abastecimento do mercado interno”, explicou.
Os principais destinos do milho paranaense foram o Vietnã, que comprou 22% do total exportado, seguido do Japão, com participação de 17,3% e do Irã, que comprou 10,7% do volume de milho exportado.
AÇÚCAR
A exportação paranaense de açúcar em 2016 foi de 2,6 milhões de toneladas, o que apresenta um aumento de 12,3% comparativamente a 2015. Assim a participação dessa commoditie na balança comercial do Paraná atingiu 5,9% do total das exportações paranaenses.
A receita aumentou 13,3%, com o ingresso de US$ 898,7 milhões, apesar do preço do açúcar estar estabilizado a US$ 336 a tonelada no mercado externo. Segundo o economista do Deral, Dizonei Zampieri, a redução da oferta do açúcar originário da Índia, o segundo maior exportador de açúcar do mundo, abriu brechas para exportação do açúcar paranaense e brasileiro. A índia perdeu produção com dois anos seguidos de falta de chuvas e com isso não pôde atender à demanda internacional. O Paraná é o terceiro estado exportador de açúcar e os principais destinos do açúcar brasileiro são a Rússia, China, Egito e Emirados Árabes.
A exportação de carne suína foi a que mais cresceu no volume de exportação de carnes paranaenses. Em 2016, o Paraná exportou quase 94 mil toneladas, 45,5% de aumento em relação ao volume exportado em 2015, quando foram exportadas 65 mil toneladas do produto.
De acordo com os dados Agrostat/Secex, a receita subiu 33%, passando de US$ 148 milhões em 2015 para US$ 197 milhões em 2016. Cerca de 50% do volume exportado foi para Hong-Kong, seguido do Uruguai, que comprou 17,1% do volume de exportações e da Argentina, que ficou com 10,1% das exportações.
O Paraná foi o terceiro Estado que mais exportou carne suína no País, com 13% de participação nas exportações brasileiras deste item. Em 2016, o Brasil contou com a abertura do mercado chinês para alavancar as exportações. Ainda de acordo com a Secex, o Brasil aumentou em 32,8% no volume e em 16,3% na receita obtida com as exportações de carne suína.
O principal mercado para a carne suína brasileira continua sendo a Rússia, com 34% de participação, seguido de Hong-Kong, com 22,8%. Mas só a China, que voltou a comprar do Brasil no ano passado, comprou o equivalente a 12,2% do volume exportado.