Karen Cristine Baia Gonçalves da Silva conheceu a maternidade aos 27 anos. Mas, ela não sabia que muitos aprendizados ainda estavam nascendo junto com a pequena Laura. Quando bebê, ela apresentava comportamentos desafiadores, como dificuldade para dormir, irritabilidade constante e atrasos nos marcos de desenvolvimento.
Antes de completar dois anos, veio o diagnóstico: Transtornos do Espectro Autista (TEA). Karen conta que teve que reconstruir a imagem da maternidade e se dedicar aos desafios que estavam por vir. No entanto, assim como tantas mães, ela enfrentou as adversidades e encontrou uma saída para lidar com seus sentimentos e poder cuidar bem da filha.
“Era uma nova realidade, uma nova mãe precisou entrar em cena. Diante das dificuldades, criei de forma despretensiosa a página Vida de Laurinha no Instagram e no Facebook com o objetivo de extravasar e compartilhar o turbilhão de sentimentos que essa nova fase trouxe para a nossa vida. Com o passar do tempo, percebi que, além de compartilhar nossa rotina, compartilhamos e trocamos experiências e vivências com outras famílias que vivem situações parecidas”, contou Karen.
Karen trabalha no Centro de Referência em Assistência Social (Cras), na Vila Garcia, em Paranaguá, já atuou como professora e hoje atua como Assistente Social. Na Apae, Laura recebeu todo o suporte necessário para o seu desenvolvimento.

“Mas a angústia era: o que devo fazer agora, quais seriam os passos para que minha filha se desenvolvesse melhor? Principalmente para dar-lhe qualidade de vida, pois nesse período, ela apresentava vários comportamentos auto lesivos, agitação extrema e dificuldades com o sono”, afirmou Karen.
Autocuidado na maternidade atípica
Foram momentos difíceis para a família. Karen achou que daria conta de tudo, mas existe uma sobrecarga que, muitas vezes, é ignorada ou normalizada na sociedade. Ela precisou tratar a depressão para se manter saudável e prestar atendimento à Laura.
Hoje, consegue ajudar outras mães, desmistificando as questões sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), atuando contra o preconceito e difundindo a importância das mães atípicas também se cuidarem.
A realidade da maternidade atípica consome grande parte do tempo e energia da mãe e da mulher. “Sempre que possível, deixo a mensagem do quão importante é se acolher e se cuidar como ser individual, pois só poderemos dar nosso melhor, se estivermos bem para enfrentar as mais diversas situações”, explicou Karen.
“Para mim, a maternidade é a parte mais bonita da minha existência, é onde me vejo como constante aprendiz em uma lição que não se acaba”, finalizou Karen.
*Matéria produzida em colaboração com a iniciativa “Mães Inspiradoras”, do Santuário do Rocio.
Fotos: Arquivo pessoal