Na data de 22 de agosto, comemorado o Dia do Folclore, momento de reverenciar a cultura e personagens que dela fazem parte. Paranaguá é conhecida por estar inserida no mapa da diversidade cultural brasileira, fortemente marcada pela cultura popular.
O Mestre de Fandango, Aorelio Domingues, ressalta que existe uma distinção no universo da antropologia e em toda discussão de cultura sobre ‘o que é folclore’ e ‘o que é cultura popular’. Ele explica que folclore está ligado geralmente a manifestações que sumiram e hoje foram resgatadas e são representadas como forma de memória.
“Já a cultura popular é viva, pode estar enfraquecida, mas nunca desapareceu, revitalizou-se, contextualizou-se, tem função social e é espontânea. Folclore também está ligado a lendas como Saci-Pererê (como se diz no território caiçara), Curupira, Mula sem Cabeça e outros. Cultura popular está ligada aos modos de fazer, receitas, crenças”, ressalta.
“Com a chegada dos europeus e com a miscigenação, tornou-se caiçara no leste, gaúcho no Sul e oeste e caipira do centro ao norte. A cultura gaúcha, apesar da sua função social ativa, resgatou manifestações que caíram em esquecimento e as colocou no ambiente folclórico. Já as manifestações caipiras tomaram força e criaram ícones que geraram personagens da música popular brasileira. A cultura caiçara muito mais antiga, se preservou com todo seu universo, sotaque, culinária, modos de pesca, religiosidade, sotaque, musicalidade etc. Por este motivo, talvez seja a cultura caiçara muito procurada por pesquisadores e estudantes que buscam uma identidade legítima paranaense”, aponta.
Inami Custódio
Andrea Custódio, filha do senhor Inami Custódio, criador de mais de 200 músicas (muitas delas já gravadas por nomes como Ary Fontoura, Odelair Rodrigues e Os Calouros do Ritmo e Irmãs Castro), fala sobre as manifestações. Seu pai compôs a conhecida música “Gralha Azul”.
De acordo com Andrea, nas pesquisas voltadas ao folclore paranaense, Inami Custódio desenvolveu trabalhos sobre a história do Estado e os paranistas, fandango e música folclórica. “Ele fez suas primeiras pesquisas no litoral paranaense por meio de contato com pescadores e nativos das ilhas da região e realizou os primeiros registros em áudio e vídeo do Fandango Paranaense. No meio acadêmico, ministrou aulas da disciplina de ‘Folclore’, na Faculdade de Educação Musical do Paraná, depois, na Faculdade de Artes do Paraná, realizou várias palestras. Como escritor, traduziu seu amor pelo Paraná, seu centro eterno de pesquisa. Seus trabalhos são sempre um convite a conhecer nossas belezas, riquezas, este paraíso no Sul”, ressalta.
Com ele fandangueiros, fazedores do barreado, caboclos, artesãos, cantadores e contadores de causos, os que mantêm a tradição. Foi inspiração para grupos paranaenses: Fato, Rosa Armorial, Meu Paraná, Viola Quebrada, Mundaréu, Grupo Tradicionalista Galha Azul, Grupo Mestre Romão e outros”, recorda.
Inami Custódio foi membro efetivo do Conselho de Cultura do Paraná, medalha Romário Martins do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Prêmio Apollo Taborda França e prêmio Literatura Rotary Club de Curitiba de livro do ano de 2008, com Folclore no Paraná.