A ciência brasileira está desenvolvendo mecanismos para o enfrentamento à pandemia da Covid-19, que deverá ser feito continuamente nos próximos anos. No Paraná, um exemplo disso é a vacina que está sendo desenvolvida pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) contra o Coronavírus. O imunizante deverá encerrar a fase de testes pré-clínicos até o final de 2021 e possivelmente será disponibilizado à população em 2022, uma vez aprovados os testes pré-clínicos e clínicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e órgãos fiscalizatórios.
“A vacina usa insumos nacionais e tem tecnologia de produção 100% desenvolvida na UFPR, fruto de pesquisas realizadas com biopolímeros biodegradáveis e com partes específicas de proteínas virais. Outro ponto positivo é o custo de produção. De acordo com os pesquisadores, hoje são gastos menos de cinco reais para fabricar cada dose”, informa a assessoria da UFPR. Além disso, segundo os pesquisadores, o imunizante possui características multifuncionais. “Isto quer dizer que pode ser recombinada para servir como imunizante para outras doenças, como dengue, zika vírus, leishmaniose e chikungunya”, completa.
“Esta vacina vai ser estratégica e necessária em 2022, em 2023, quem sabe até depois. É uma vacina paranaense, uma vacina de baixíssimo custo, que pode dar as condições no futuro para uma soberania tecnológica, que hoje tem afligido nossa sociedade, com a espera de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) da Índia, da China. É uma vacina com um mecanismo tecnológico e imunização que até aqui se demonstrou bastante alvissareira”, afirma o reitor da UFPR, professor Ricardo Marcelo Fonseca.
Outro importante avanço da vacina da UFPR é a possibilidade de que ela seja transportada em pó para as localidades de vacinação, facilitando a logística de transporte e armazenamento no País, barateando o custo e facilitando o processo. “Ou seja, queremos remover todo o líquido, transformar essa suspensão de partículas em um pó para transportar e armazenar desta maneira até o momento da administração. Pode ser uma vantagem pensando na infraestrutura brasileira”, explica o professor da universidade, Marcelo Müller dos Santos.
Spray nasal
Outra abordagem de enfrentamento à pandemia desenvolvida pela UFPR é o estudo para uma possível preparação nasal de combate ao Coronavírus, uma vez que o Sars-Cov 2 adentra pelas vias respiratórias. “Se nós tivermos uma proteção nas vias respiratórias, isso impede que o vírus se dissemine no organismo”, afirma o professor Emanuel Maltempi de Souza. De acordo com ele, o spray demonstrou bons resultados na imunização e criou uma barreira para o vírus bem na porta de entrada do corpo humano.
“Isto pode ser feito com uma adaptação das partículas. O imunizante continua o mesmo, mas a partícula é modificada. (…) Elas foram capazes de ativar o sistema imune e gerar anticorpos, inclusive do tipo IgA, que são anticorpos que normalmente são produzidos pelo sistema imune nas mucosas”, explica o professor.
Segundo o professor Breno Castello Branco Beirão, o imunizante em spray também reduz a transmissão do Coronavírus. “Nas formas injetáveis da vacinação o efeito sobre a transmissão do vírus é menor. Então, a gente tem essa expectativa de que a vacina poderá, eventualmente, ser administrada dessa forma. Os testes das duas formas avançam paralelamente”, completa.
“No momento, a equipe está medindo a concentração de anticorpos gerados por esta via de imunização em camundongos. Uma das possibilidades é a proposição de uma proteção associada entre vacina e preparação nasal, para garantir a não-propagação do vírus mesmo após a imunização”, finaliza a assessoria da UFPR.
Com informações da UFPR
Foto: Marcos Solivan (Sucom UFPR)