O Hospital Regional do Litoral (HRL) é o único na região que tende pelo SUS e possui uma ala específica para atendimento dos pacientes confirmados ou que aguardam confirmação de Coronavírus, a Ala Covid-19. De acordo com o boletim do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, divulgado diariamente, até a manhã de quinta-feira, 25, seis dos 10 leitos disponíveis nesse espaço estavam ocupados.
Todos os pacientes internados na Ala Covid recebem cuidados avançados, sendo que dois já estão com o diagnóstico fechado para Coronavírus, um teve o exame negativo e três estão em investigação. Além disso, o HRL ainda tem um paciente internado em cuidados intermediários em investigação, dois pacientes no isolamento do Posto 1 em investigação e um paciente no Pronto Socorro também aguardando o resultado do exame para confirmação da doença.
O diretor de Gestão em Saúde da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná), Dr. Vinícius Filipak, afirmou que o índice de ocupação dos leitos nos hospitais muda diariamente, conforme a necessidade de novas internações, alta de pacientes, transferências e óbitos.
“Na 1.ª Regional de Saúde, o único hospital que tem leitos exclusivos para o tratamento de Covid é o Hospital Regional do Litoral. Mas qualquer hospital do Paraná pode internar pacientes de Covid, assim como internam pacientes de outras doenças. Não há uma obrigatoriedade do paciente de Covid ser internado somente nos leitos exclusivos”, disse Filipak.
Segundo ele, como a taxa de ocupação não é alarmante no HRL, não há necessidade de implantação de novos leitos para atendimento dos pacientes de Covid. “Não temos a intenção de colocar mais leitos exclusivos porque temos observado certa estabilidade nos casos internados. Se for necessária a internação de mais pacientes do litoral e que não haja vaga em Paranaguá, os pacientes serão atendidos e transferidos para hospitais da Região Metropolitana de Curitiba que, como pertence à rede de assistência do SUS, estão sempre disponíveis. O mesmo acontece com outras doenças que não há o tratamento no seu próprio município”, afirmou. “Não raciocinamos um hospital de campanha hoje em Paranaguá”, completou Filipak.
O médico salientou que o HRL tem profissionais e equipamentos qualificados para o atendimento de todas as demandas. “Há equipes que são treinadas para tratar todas as condições habitualmente recebidas, desde gestantes, pacientes traumatizados, pacientes da Covid etc. O equipamento é suficiente e adequado e quando há a necessidade de uma complexidade ampliada, a rede de assistência faz a transferência do paciente sempre que se tornar indispensável”, ressaltou Filipak.
Número de casos
Em Paranaguá, os casos confirmados de Covid-19 têm aumentado muito de um dia para outro. Para o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, isso pode ser notado em todas as regiões do Estado. “É muito importante que esse fato seja levado em conta por toda a população. Não temos capacidade ilimitada de implantar leitos de UTI e enfermaria. Sempre haverá uma limitação. O número de novos casos significa mais pessoas que têm risco e precisam de internação. É necessário que as medidas de isolamento social e de organização de fluxo de pessoas para evitar aglomeração sejam adotadas por todos os municípios da região”, destacou Filipak.
A gravidade da situação nos municípios e nas regiões do Paraná não é medida conforme a ocupação dos leitos hospitalares, de acordo com o médico. “Existem cada vez mais casos novos e isso significa que as medidas de isolamento não têm sido suficientes. Não adianta a gente ter um leito disponível, a gente continuar não fazendo a nossa parte. Isso é, na verdade, uma armadilha. A gente tem que entender que qualquer pessoa que pode ter contato com a Covid pode ter uma contaminação e o desfecho nunca dá para prever adequadamente. Há pessoas que a gente espera que nunca tenham complicações e podem ir a óbito rapidamente, independente de ter ou não leitos”, avaliou Filipak.
“Lockdown”
Desta forma, uma situação de “lockdown”, que é o fechamento de todos os estabelecimentos e proibição de saída das pessoas nas ruas, pode se tornar realidade em qualquer região do Estado. “Se houver um crescimento tão grande da contaminação a ponto de que não haja nenhuma capacidade de atendimento dessas pessoas, pode ser decretado o “lockdown”. Isso depende da eficiência e da colaboração das pessoas, entendendo que elas têm o papel preponderante para que haja a normalização da epidemia. A epidemia vai passar, mas vai passar mais rápido ou mais devagar, com mais dor e sofrimento ou com menos, na medida em que a gente conseguir organizar a nossa colaboração”, evidenciou Filipak.
O diretor de Gestão em Saúde da Sesa lembrou que em todos os países do mundo houve esgotamento de recursos e pessoas que morreram sem assistência. “Isso pode acontecer em qualquer lugar e a gente pode ter essas consequências, é importante que todo mundo entenda o risco que a sociedade paranaense está correndo, de ter que abortar qualquer tipo de atividade em virtude da contaminação. Se for feito o “lockdown” é para proteção da própria pessoa. Temos que nos proteger, proteger as pessoas da nossa família para que a gente passe o menor tempo possível sofrendo com essa pandemia que já ceifou tantas vidas”, concluiu Filipak.