A educação é um dos alicerces da sociedade e deve ser prestada de forma presencial, com foco na aprendizagem e no desenvolvimento da área junto aos alunos e comunidade escolar, mas com prevenção e controle de casos positivos da Covid-19 e de síndromes respiratórias em tempos de pandemia, bem como foco na vacinação. É este o entendimento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que no último dia 24 de junho divulgou nota técnica abordando a importância da manutenção das atividades presenciais na escola “diante de um contexto que ainda é de pandemia”, completa.
“O grupo de trabalho (GT) formado por pesquisadores da Fundação que elaborou a nota técnica reitera a importância da manutenção de aulas presenciais, resguardado o afastamento de casos positivos e de sintomáticos respiratórios, enfatiza que é necessário ter disponibilidade de testes para Covid-19 na comunidade escolar e recomenda que seja dada prioridade à vacinação (doses de reforço) aos trabalhadores da educação”, informa a assessoria. Segundo a Fiocruz, casos de agravamento do Coronavírus devem ser referenciados para equipes de atenção primária à saúde, vinculadas a unidades básicas de saúde (UBS). “Os pesquisadores ressaltam que as escolas são equipamentos seguros e essenciais, por serem promotoras e protetoras da saúde”, informa.
“Decorrido todo este tempo de convivência com períodos de maior ou menor transmissão do Sars-CoV-2, pode-se afirmar que as atividades presenciais nas escolas não têm sido associadas a eventos de maior transmissão do vírus”, relatam os pesquisadores da Fiocruz. Ainda de acordo com os cientistas, “a detecção de casos nas escolas não significa necessariamente que a transmissão ocorreu nas escolas”, completa. Para o Grupo de Trabalho, em sua maioria, os casos de Covid-19 são adquiridos nos territórios e levados para dentro das escolas, o que na “experiência atual, comprovada por estudos científicos de relevância, revela disseminação limitada da Covid-19 nas escolas”.
Transmissão entre trabalhadores é mais frequente
A Fundação explica que, seguindo as caractetísticas detectadas do vírus, com relação à padrão de disseminação nas diferentes faixas etárias e efeitos da imunização, “é possível afirmar que a transmissão de trabalhadores para trabalhadores é mais frequente do que a transmissão de alunos para trabalhadores, trabalhadores para alunos ou alunos para alunos”, detalha. “Portanto, aconselham os pesquisadores, medidas de proteção devem ser adotadas em todos os ambientes escolares, com priorização das estratégias direcionadas à redução da transmissão entre trabalhadores (por exemplo: espaços de convívio e ênfase no rastreio de casos e contatos)”, informa a Fiocruz.
“Foi identificado um maior uso de autotestes após a liberação no Brasil”, ressalta a Fiocruz. Para o GT, entretanto, “chama a atenção para o difícil controle de sua execução correta, bem como as dificuldades de notificação, embora reconheça que os autotestes têm sido importantes para o isolamento precoce dos casos”, complementa.
Controle da pandemia em 2022 e retomada das atividades escolares presenciais
Para o grupo da Fiocruz, o controle da pandemia resultou, em 2022, em uma retomada plena das atividades de forma presencial das unidades de ensino, uma vez que foram constatadas “consequências e prejuízos pedagógicos e psicossociais da pandemia”. “Assim, é imperativo buscar reconstruir as rotinas escolares e seus projetos pedagógicos”, informa, ressaltando ainda que “no atual momento epidemiológico, não são recomendadas novas interrupções das atividades escolares”, detalha.
“Com o inverno, as viroses respiratórias têm sua incidência aumentada. É necessário rever os protocolos para melhor gerenciar os riscos. Assim, atenção especial à ventilação dos ambientes, higiene das mãos e uso de máscara nos sintomáticos leves devem ser incentivados. Essas medidas são importantes para todas as viroses respiratórias”, acrescenta a assessoria.
Vacinação
“O documento informa que em 21 de junho o Brasil apresentava 77,8% com ciclo completo de vacinação da população total e 85,5% para a população elegível acima de 5 anos. No entanto, somente 46% com ciclo completo (todas as doses de reforço) da população total e 55% da população vacinável com reforço acima de 12 anos. Na faixa etária entre 5 e 11 anos há 13.056.571 (63,69%) de crianças com a primeira dose e somente 7.967.345 (38,86%) com a segunda dose, números aquém do necessário para uma imunização coletiva completa. Segundo os pesquisadores, essas informações revelam um maior risco para internação, gravidade e morte relacionadas aos não vacinados completamente”, explica a Fiocruz.
De acordo com a nota técnica, é necessário em todo o País avanço nas taxas de vacinação contra a Covid-19, para continuidade da proteção de toda a população e redução da taxa de transmissão. “Alguns países iniciaram a vacinação para crianças a partir do sexto mês de idade e, com isso, aumentam a cobertura vacinal, principalmente em bebês e crianças como população fortemente carreadora do vírus Sars-CoV-2. Apesar de a vacina não ser esterilizante, no sentido de eliminar o vírus completamente, além de proteger o vacinado contra as formas graves da doença, ela reduz a carga viral do contaminado. O Brasil precisa avançar na vacinação para as doses de reforço para as populações mais vulnerabilizadas e definir a vacinação para a faixa etária acima dos seis meses, como forma de reduzir a carga viral circulante nas escolas e em outros ambientes”, finaliza a Fiocruz.
Com informações da Fiocruz