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Coronavírus

Estudo da UFPR confirma importância da vacinação para controle da pandemia em Matinhos

“As campanhas de vacinação foram muito eficientes e tiveram alta adesão da população. Isto explica a drástica redução das mortes”, aponta estudo científico feito pela Universidade

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Foto: Arquivo/Prefeitura de Matinhos

No último dia 6 de outubro, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), através de pesquisa científica realizada em Matinhos, analisou a incidência da Covid-19 no município, bem como foi a resposta da população e dos números da pandemia com relação à evolução da vacinação contra a doença entre 2021 e 2022. Ao todo, cerca de 6 mil análises foram analisadas de moradores entre janeiro de 2021 a junho de 2022, que indicaram não somente a importância da imunização para controle da pandemia, como também na redução drástica de mortes decorrentes do Coronavírus. 

“As vacinas que conferem proteção contra a COVID-19 foram disponibilizadas ao público no Brasil no fim de janeiro de 2021. O programa de vacinação brasileiro emprega vacinas com diferentes tecnologias de diferentes fabricantes sendo CoronaVac (Sinovac), BNT162b2 (Pfizer/BioNTech) e ChAdOx1 (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz) as mais utilizadas. Apesar dos estudos clínicos realizados pelas fabricantes terem determinado a segurança e eficácia dessas vacinas, é importante compreender se a eficácia será mantida em um cenário da vida real, onde variáveis adicionais como logística de transporte, hesitação da população na vacinação, atraso nas doses e infecções naturais, se aplicam”, detalha a UFPR sobre a metodologia de pesquisa.

Segundo a Universidade, foi também essencial determinar se “os intervalos recomendados entre as doses e as combinações entre diferentes combinações de vacinas para doses primárias e de reforço estão sendo adequadas para manutenção da proteção da população”, detalha.  “Estudos recentes indicam que os níveis de anticorpos IgG reativo para a proteína spike do SARS-CoV-2, gerados pela vacinação, estão diretamente correlacionados com a grau de eficácia vacinal”, informa a UFPR.

“Uma análise comparativa dos níveis de IgG reativos para proteína Spike em escala populacional pode fornecer informações importantes a efetividade da vacinação na população. Quanto maiores os níveis de IgG reativos para proteína Spike no sangue de um indivíduo, maior será seu grau de proteção contra infecções sintomáticas e desenvolvimento da COVID-19 grave”, aponta a UFPR.

Anticorpos de moradores de Matinhos

De acordo com os estudiosos, a pesquisa buscou analisar os níveis de anticorpo IgG reativo para spike na população de Matinhos. “Já no início de 2022, mais de 95% da população da cidade apresentava níveis de IgG detectáveis, este número se manteve constante até o fim do estudo em junho de 2022. Os resultados indicam que as campanhas de vacinação foram muito eficientes e tiveram alta adesão da população. Isto explica a drástica redução das mortes por COVID-19 no início de 2022, apesar do elevado número de casos de infecção que ocorreram neste período devido ao surgimento da variante ômicron, variante que pode escapar parcialmente os anticorpos induzidos pela vacinação”, detalha.

Outro ponto destacado pela UFPR foi a comparação de resposta gerada pelas diferentes vacinas contra o Coronavírus. “O estudo avaliou os níveis de IgG reativos para proteína Spike de acordo com os fabricantes das vacinas. Os dados indicam que todas as pessoas que tomaram a segunda dose, independente do fabricante da vacina, apresentaram níveis de anticorpos superiores às pessoas não vacinadas. Não foram detectadas diferenças nos níveis de anticorpos de acordo com o sexo, cidade de residência e idade dos participantes”, aponta a Universidade, destacando que participaram da pesquisa somente pessoas com idade entre 18 a 70 anos.

“Os níveis de anticorpos detectados para proteína Spike foram superiores para a vacina da Pfizer, seguido de AstraZeneca e Coronavac. A vacina da Janssen não foi considerada no estudo devido à baixa representatividade amostral. Os resultados das taxas de desenvolvimento de anticorpos (seroconversão) induzidas por cada tipo de vacina seguiram de perto os números de eficácia das vacinas obtidos nos estudos clínicos”, detalha a pesquisa científica. “Isto indica que os dados dos estudos podem ser extrapolados para a vida real e não estão sendo afetados por outras variáveis”, afirma o professor da UFPR, Luciano Huergo, coordenador da pesquisa. 

Anticorpos e importância da dose de reforço

A metodologia científica buscou analisar o tempo em que os anticorpos contra a Covid-19 gerado pelos imunizantes iriam permanecer entre os moradores de Matinhos. “Notamos que alguns meses após a aplicação da segunda dose os níveis de anticorpos reativos para proteína Spike diminuem significativamente. Porém, após a aplicação da dose de reforço (terceira dose), os níveis aumentam novamente. Portanto, é importantíssimo que as pessoas mantenham sua carteira de vacinação em dia”, informa o estudo da UFPR.

“Também foram avaliadas as combinações de diferentes vacinas como primeira e segunda e dose de reforço. Na maior parte das análises a vacina usada na dose de reforço foi a da Pfizer. A aplicação desta vacina como terceira dose foi muito eficaz em elevar os níveis de IgG reativo para spike. Independente de qual foi a vacina usada na primeira e segunda dose, uma terceira dose de Pfizer gerou o mesmo efeito obtido com 2 ou 3 doses de Pfizer”, informa a análise científica. 

Cerca de 6 mil análises foram realizadas com amostras de sangue coletadas entre janeiro 2021 e junho de 2022, segundo a UFPR (Foto: UFPR Litoral/Divulgação)

Vacinados e infectados pela Covid-19 

Outro ponto de atenção foi analisar pessoas que se vacinaram contra a Covid-19 e também tiveram infecção natural da doença. “O que podemos compreender até o momento é que uma infecção natural pode aumentar os níveis de anticorpos naqueles que não se vacinaram ou que tomaram apenas a primeira ou segunda doses. Para aquelas pessoas que tomaram a terceira dose os níveis de anticorpos encontrados são muito mais elevados dos aqueles atingidos com infecções naturais”, aponta a pesquisa.

Importância da testagem

A UFPR ressalta que a pesquisa feita em Matinhos também reforçou a importância da testagem sorológica. “Apesar de termos avançado na produção nacional de testes que detectam infecções ativas como RT-qPCR e testes de antígenos ainda não há uma política no sentido de desenvolver ou fornecer testes sorológicos, como aqueles desenvolvidos aqui na UFPR à população. O estudo mostra que testes sorológicos são ferramentas poderosas no acompanhamento epidemiológico da doença e na resposta vacinal. Também pode ser uma ferramenta para distinguir doenças que tenham sintomas similares como a dengue que é muito comum no Litoral”, revela a UFPR. 

“Muitas vezes recebemos pessoas que tem indicação médica para realizar um exame sorológico, mas que não podem pagar pelo teste”, afirma Huergo. “O potencial de uso da tecnologia de testes sorológicos desenvolvida na UFPR que usa partículas magnéticas para detecção de anticorpos é grande. Atualmente estamos trabalhando na formulação de um sistema para detecção sorológica de dengue em humanos. Os dados preliminares são muito promissores”, finaliza o pesquisador.

Dados adicionais do estudo

Segundo a Universidade Federal, o estudo feito em Matinhos foram publicados em forma pre-print sem revisão por pares e está disponível em https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.09.28.22280449v1. “O artigo final foi submetido para publicação e está em fase de avaliação por pares”, informa a assessoria. “As testagens de Covid-19 continuam no Setor Litoral da UFPR e o cadastro e agendamento para participar pode ser realizado no site http://200.17.236.32/covid19/ “, finaliza a UFPR.

Com informações da UFPR Litoral

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