Na segunda-feira, 17, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou estudo apontando que a terceira dose da vacina AstraZeneca oferece contra as variantes de preocupação do Coronavírus, entre elas a Beta, Delta, Alfa e Gama, assim como a Ômicron, que gerou um aumento de casos nas últimas semanas em todo o Brasil. De acordo com a Fiocruz, a conclusão foi obtida após análises preliminares de um estudo de segurança e imunogenicidade feito pelo Grupo de Vacinas da Universidade de Oxford e outra pesquisa independente feita por pesquisadores de diferentes instituições, incluindo da Fiocruz e Oxford.
“Os estudos foram feitos com pessoas previamente vacinadas com a AstraZeneca, fabricada no Brasil pela Fiocruz, ou vacinas de mRNA, e mais resultados devem ser conhecidos ainda neste primeiro semestre de 2022. Um ensaio separado (Fase IV, publicado na forma de preprint na revista científica The Lancet) mostrou ainda que uma dose de reforço da AstraZeneca elevou o nível de anticorpos de quem havia tomado duas doses de CoronaVac”, aponta a Fiocruz.
A fundação explica que os dados obtidos se somam a outras evidências, algo que reforça que a utilização da AstraZeneca como dose de reforço é eficaz, “independentemente do esquema vacinal primário adotado”. “A empresa AstraZeneca está submetendo as novas informações a autoridades de saúde em vários países, num momento em que alguns – como Estados Unidos, Israel e o próprio Brasil – que já adotam a dose de reforço”, complementa.
Estudos e importância das conclusões
“Estes importantes estudos mostram que uma terceira dose de Vaxzevria [AstraZeneca] após duas doses iniciais da mesma vacina, ou após vacinas de mRNA ou vírus inativado, aumenta fortemente a imunidade contra a Covid-19. A vacina Oxford-AstraZeneca é uma opção adequada para aumentar a imunidade na população de países que consideram programas de reforço, somando-se à proteção já demonstrada nas duas primeiras doses”, afirma Andrew J. Pollard, pesquisador chefe e diretor do Grupo de Vacinas da Universidade de Oxford.
A utilização da AstraZeneca como reforço já era algo defendido por estudos prévios, algo que pode fazer parte “de um esquema homólogo (todas as doses da mesma vacina) ou heterólogo (duas doses de uma vacina e reforço de outra)”, completa. “Num estudo feito no Reino Unido, a dose de reforço da AstraZeneca aplicada ao menos seis meses após o esquema vacinal completo aumentou significativamente o nível de anticorpos e manteve a resposta das células T (com funções imunológicas relacionadas a respostas antivirais)”, afirma.
Ainda segundo a fundação, a aplicação da terceira dose da AstraZeneca resultou também em uma “neutralização maior contra as variantes Alfa, Beta e Delta, quando comparada à aplicação de apenas duas doses”.
Ômicron
Segundo a Fiocruz, uma outra pesquisa que foi publicada em dezembro, tendo sida feita de forma independente com a colaboração de pesquisadores de diversas instituições científicas, incluindo estudiosos da Fiocruz e da Universidade de Oxford, “mostrou que uma dose de reforço da AstraZeneca aumenta significativamente os níveis de anticorpos neutralizantes contra a Ômicron”, aponta a instituição. “Os resultados foram publicados em forma de preprint na plataforma bioRxiv (Omicron-B.1.1.529 leads to widespread escape from neutralizing antibody responses). Os anticorpos foram aumentados em 2,7 vezes após uma terceira dose da AstraZeneca”, acrescenta a assessoria.
“Dados de um outro estudo de laboratório (Broadly neutralizing antibodies overcome Sars-CoV-2 Omicron antigenic shift) reforçam o efeito da vacina AstraZeneca contra a Ômicron: neste caso, os indivíduos vacinados com as duas doses mantiveram ação neutralizadora contra a nova variante, embora com uma redução em comparação à cepa original. A vacina AstraZeneca/Fiocruz tem demonstrado ser capaz de induzir uma resposta diversificada e duradoura a múltiplas variantes”, finaliza a Fundação Oswaldo Cruz.
Com informações da Fiocruz