Na quinta-feira, 10, o Instituto Butantan divulgou estudo científico divulgado na The Lancet Public Health que utilizou um amplo estudo de simulação computacional que reforçou a seguinte premissa: independente do nível de cobertura vacinal contra a Covid-19 atingido pela população de um país, a utilização de máscara, principalmente em ambientes fechados, prossegue como grande impacto no enfrentamento à pandemia. Segundo os pesquisadores americanos que realizaram a pesquisa, a utilização do item de proteção evita milhões de casos, bem como milhares de mortes, gerando a economia de bilhões de dólares nos Estados Unidos da América (EUA) com relação a tratamentos e hospitalizações.
“O modelo simulou o que aconteceria se as pessoas usassem máscaras ou não até que um determinado nível de cobertura vacinal fosse atingido. Foram analisados diferentes cenários em relação à porcentagem de cobertura vacinal (70% a 90%), à data em que a cobertura foi atingida (janeiro a julho de 2022) e à data em que a população parou de usar máscaras. Se os Estados Unidos completasse 80% de cobertura vacinal até março de 2022, por exemplo, a simulação mostra que manter o uso de máscaras até esse momento preveniria 6,29 milhões de casos, 138.600 hospitalizações e 16.100 mortes, além de evitar o gasto de mais de US$ 15 bilhões com hospitalizações e tratamentos”, explica o Butantan sobre o estudo americano.
No mesmo caso analisado, no caso de uso de máscara com cobertura vacinal de 70% nos EUA, isso ocasionaria uma economia de R$ 20 bilhões. “Além disso, quanto mais tempo se leva para atingir determinada cobertura, maior o valor das máscaras. Por exemplo, se a cobertura de 80% fosse atingida somente em julho de 2022, o resultado seria a redução de 8,57 milhões de casos, 200 mil hospitalizações e 23.200 mortes”, detalha.
“Os resultados enfatizam que a vacinação sozinha não é suficiente para controlar a pandemia e prevenir casos graves e mortes, mostrando a importância de múltiplas intervenções. A pesquisa mostra que o uso de máscaras é efetivo e reduz gastos, ou seja, o próprio uso de máscaras paga a si mesmo”, explicam os cientistas responsáveis pelo estudo.
Máscara seria importante mesmo com todas as pessoas isoladas
A assessoria afirma que a pesquisa indicou que, mesmo de todos os cidadãos infectados pela Covid-19 ou com sintoma da doença ficassem totalmente isoladas em casa, as máscaras seguiriam positivas para a prevenção, gerando um impacto na saúde e no contexto econômico. O uso de máscara, nesta situação específica, evitaria 1,62 milhão de casos do Coronavírus, 3.950 mortes e US$ 935,6 milhões em gastos (considerando uma cobertura vacinal de 70% em março). “Isso porque indivíduos assintomáticos também são capazes de transmitir a doença”, detalha.
Quem utiliza máscara duas a dez semanas após ter atingido total cobertura vacinal contra a Covid-19, torna-se essencial também para o controle de casos da Covid-19. “A transmissão do vírus não para imediatamente uma vez que a cobertura é atingida. As máscaras poderiam evitar casos adicionais de Covid-19 até que a transmissão realmente diminua”, detalham os cientistas.
Variantes
Com relação ao surgimento de variantes mais transmissíveis do SARS-CoV-2, como a Delta e mais recentemente a ômicron, os estudiosos afirmam que isso ocasiona ainda mais valorização da máscara como forma de prevenção à pandemia. “Por exemplo, se a Delta é transmitida de uma pessoa para cinco, manter o uso da máscara evitaria o gasto de US$ 20 bilhões, enquanto com a transmissão de um para 10 com a Ômicron, essa economia aumentaria para US$ 50 bilhões”, finaliza o estudo divulgado na The Lancet Public Health.
Com informações do Instituto Butantan