Comunicação

Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo debateu temas como Inteligência Artificial, Eleições e Desinformação

Congresso Internacional é o maior da área promovido anualmente no Brasil

Jornalistas Ilze Scamparini e Katia Brembatti no Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

A presidente da Abraji, Katia Brembatti e a jornalista internacional Ilze Scamparini conversam sobre a profissão. (Foto: Luciana Vassoler / Abraji)

“A sensação é de dever cumprido”, destaca Katia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ao comentar sobre o 19.° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.

Realizado entre os dias 11 e 14 de julho, na Escola Superior de Marketing e Propaganda (ESPM), em São Paulo, o evento contou com o maior número de participantes, mesas de debates e palestrantes da sua história, ao oferecer uma programação ampla e diversa.

O Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é o maior encontro de jornalistas do Brasil e reuniu profissionais do jornalismo de todas as regiões. Contou com a presença de pessoas da periferia, áreas rurais e aldeias indígenas. Este ano, o evento foi realizado de forma híbrida, com mais de 130 atividades presenciais e transmissões on-line, para proporcionar uma maior participação de pessoas interessadas.

A jornalista, professora e escritora Fabiana Moraes foi a homenageada da edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, com celebrações de sua carreira e da sua contribuição ao jornalismo.

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Foto: Luciana Vassoler/Abraji

Quem é Fabiana Moraes

Fabiana Moraes, nascida no Alto José Bonifácio, em Recife, se junta a outros grandes nomes da profissão homenageados em edições anteriores, como Angelina Nunes, Caco Barcellos, Carlos Wagner, Clovis Rossi, Dorrit Harazim, Elaíze Farias, Elio Gaspari, Elvira Lobato, Jânio de Freitas, Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro, Kátia Brasil, Lúcio Flávio Pinto, Marcelo Beraba, Marcos Sá Correa, Miriam Leitão, Paulo Totti, Rosenthal Calmon Alves, Santiago Andrade, Sergio Gomes, Tim Lopes e Zuenir Ventura.  

No último dia, o Congresso promoveu a 6.ª edição do Domingo de Dados, com foco nas eleições e oferta de oficinas, cursos e palestras sobre o uso de dados para investigações e reportagens eleitorais.

A diversidade foi uma marca registrada do evento, com reflexões sobre o compromisso da Abraji com a inclusão e a representatividade no jornalismo. A presidente da Abraji, Katia Brembatti, destaca como um grande acerto do evento deste ano a realidade local.

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Foto: Luciana Vassoler/Abraji

“Caminhar para ser mais significativo e fazer sentido para os jornalistas, promovendo a sensação de pertencimento, sentindo que as pessoas podem vir aqui e aprender alguma coisa e usar na sua realidade local”, destacou a presidente da Abraji.

Novidades no Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Basília Rodrigues, analista de política na CNN Brasil e diretora da Abraji, disse que dentre as novidades adotadas neste ano durante o Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo está o Programa de Bolsas para Mulheres Negras, criado por ela a partir de uma inquietação e vontade pessoal. 

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O projeto reuniu 15 mulheres de todo o Brasil, três de cada região, que participaram do evento com tudo pago pelo seu instituto.

“A partir desse programa a gente fez jovens mulheres jornalistas ou estudantes de jornalismo reafirmarem o motivo delas terem escolhido essa profissão. Saíram daqui muito melhores e transformadas. Elas agora entendem muito melhor o tamanho da responsabilidade que elas têm, incentivada por esse programa”. 

Paula Neiva, da equipe de Comunicação da Abraji e uma das coordenadoras do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, afirmou que é sempre um grande desafio criar a programação deste evento:

“Principalmente porque temos um processo aberto, uma chamada pública para coletar sugestões para, enfim, construir essa grande programação”, destacou Paula.

A jornalista Angelina Nunes, ex-presidente da entidade e atual coordenadora do Programa Tim Lopes, falou que a trilha temática de Proteção e Segurança a Jornalistas trouxe novos temas para debate durante a edição. Segundo ela:

“o que a gente apresentou e discutiu bastante  foi o trabalho do núcleo de segurança da Abraji”, reforçou Angelina.

A coordenadora ainda disse que a Abraji possui um programa de proteção legal disposto a agir pelos profissionais e está disponível para auxiliar e ouvir todos que precisarem, principalmente os freelancers de locais afastados, já que eles não possuem uma equipe de advogados. Por fim, recomendou:

“Nenhuma matéria vale a vida e é possível, sim, você trabalhar em rede. Não fique sozinho”, destaca.

Jornalismo investigativo na veia

A exemplo de anos anteriores, o Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo contou com a cobertura da Redação-Laboratório do Projeto Repórter do Futuro, da OBORÉ, parceira da Abraji desde a criação da entidade.

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Foto: Divulgação Abraji

Neste ano, a atividade de cobertura contou com uma equipe de 128 pessoas, dentre estudantes, jornalistas recém-formados e veteranos das redações, divididos em núcleos como reportagem, edição, gestão, artes e redes sociais. 

“Nós contamos com um trabalho importantíssimo da OBORÉ na redação laboratório, que segue o DNA da Abraji na formação de novos repórteres. É um grande desafio cobrir todas as atividades que ocorrem simultaneamente durante os quatro dias e nós temos a OBORÉ como parceira nessa missão”, afirma Paula. 

Basília também reconhece o desafio de cobrir um seminário volumoso em que nem os participantes conseguem acompanhar presencialmente todas as atrações.

“Não dá para você abraçar o mundo de uma vez. A Oboré tem essa missão: abraçar todo o congresso da Abraji e trazer todas as informações”, diz.

Para muitos dos jornalistas responsáveis pela cobertura, a experiência foi única.  A ingressante no jornalismo, Beatriz Hadler, da ECA-USP, e o pós-graduando Vinicius Rodrigues, da Unesp, afirmaram que foi o primeiro contato que tiveram com o Congresso.

“Eu acho que são quatro dias de imersão no jornalismo e que você sai revigorado”, declarou Beatriz. 

Novato na Redação, o estudante Luã Souza, da UFRJ,  enfrentou desafios já conhecidos da estudante mais veterana das coberturas, Ana Rossini, da PUCPR.

Além da gestão de tempo, os dois repórteres fizeram longas viagens, já que vieram do Rio de Janeiro e do Paraná, respectivamente, apenas para sentirem ‘o gostinho’ do jornalismo na prática. 

Cristiane Paião participa dos eventos da Abraji há mais de 10 anos e Caroline Oliveira, há quase uma década. Neste ano, as duas editoras elogiaram a diversidade que a organização trouxe às palestras — com discussões sobre a Amazônia e sobre as religiões na política.

“Eu acho que o desafio maior, assim como nos outros anos, é conseguir passar para as pessoas, cujos textos eu estou editando, alguma troca”, ressaltou Caroline.

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Com informações do projeto Repórter do Futuro e OBORÉ

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Aline Benvenutti

Jornalista profissional desde 2006. Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Positivo, em Curitiba/PR. Pós-graduada em Assessoria de Comunicação e Novas Tecnologias pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão / Uninter. Certificada pelo Instituto Palavra Aberta como multiplicadora de Educação Midiática. Estudiosa de fact-checking, educação midiática e interessada no jornalismo de soluções. Já trabalhou em Assessoria de Comunicação de órgão público e empresa privada, além de jornal impresso.