O Setembro Amarelo é uma campanha realizada anualmente no Brasil desde 2015, que foca a importância do diálogo responsável em prol da prevenção ao suicídio. Em tempos de pandemia, onde as pessoas necessitam realizar o distanciamento para se prevenir da Covid-19, bem como a morte de pessoas contaminadas com a doença se tornou algo próximo a todos, a saúde mental de muitos cidadãos acabou diretamente afetada. Segundo a psicóloga Jadja Graziela Ruhoff, para prevenir o suicídio é necessário diálogo, conscientizando a sociedade sobre a seriedade do tema, derrubando preconceitos com acolhimento e respeito.
Jadja Ruhoff, que é psicóloga clínica e hospitalar (08/14834) com especialização em Terapia Cognitiva, ressalta que o Setembro Amarelo foi iniciado em 2015. “É uma campanha que busca trazer o diálogo e prevenir o suicídio. A maior parte dos casos de suicídio poderia ser evitada com ajuda psicológica e psiquiátrica. A maioria deles é causada por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente nem sabe que precisa de tratamento”, informa.
“A finalidade é trazer diálogo sobre assunto, conscientização, mostrar para quem que tem ideação suicida que ela tem uma doença mental e doenças têm tratamento”, complementa a profissional.
Pandemia e saúde mental
A psicóloga ressalta que a pandemia trouxe à tona questões sanitárias concretas, com necessidade de cuidado individual e coletivo, com distanciamento e notícias contínuas de mortes, muitas vezes de pessoas próximas de cada indivíduo. “Mudanças no estilo de vida e perdas de pessoas queridas, bem como materiais. Lidar com um estímulo que é real requer sabedoria e manejo adequado de informações. Seria irreal esperar que uma crise de proporção mundial não tivesse consequências na saúde mental das pessoas”, acrescenta.
“Quando a previsibilidade do indivíduo é abalada ele precisa reagir de alguma maneira, geralmente buscando estratégias para retornar ao estado de segurança. A maneira como enfrentamos e manejamos os momentos de dificuldade é que vai determinar que as doenças não se instalem e possam ser tratadas”, afirma Ruhoff.
Preconceito e diálogo responsável
De acordo com a psicóloga, ainda há muito preconceito em relação ao sofrimento psíquico, sendo que o Setembro Amarelo possui o foco de combater esta situação. “A finalidade é convidar as pessoas ao diálogo sobre o que leva as pessoas ao suicídio, que geralmente são doenças mentais não tratadas. O Conselho Federal de Psicologia já alertou que a exposição de alguns casos na mídia tem efeito nocivo na população, a maneira como é praticado, fotos ou cartas de despedida, algumas coberturas sensacionalistas, julgamentos morais e visões simplistas sobre a motivação, também chamado de Efeito Werther”, detalha.
“Ter uma rede de apoio com quem contar, família e amigos próximos é de fundamental importância para a detecção de alterações no padrão de comportamento da pessoa que pode estar com algum sofrimento emocional. Até porque em muitos casos quem tem um sofrimento acentuado pode manifestar através de mudanças sutis de comportamento, não apenas através da fala. O suicídio geralmente é pensado, planejado”, salienta. “Estar disposto a ouvir a pessoa que está passando por um momento difícil e acompanhá-la a uma Unidade de Saúde para buscar ajuda profissional é papel da família e dos amigos”, complementa Jadja Ruhoff.
Depressão e tratamento profissional
Segundo a profissional da saúde, a depressão deve ser abordada neste aspecto. “O suicídio tem causas multifatoriais, a pessoa pode não ter um diagnóstico de depressão e ter ideação suicida. Porém, em casos de pessoas com sintomas de Transtorno Afetivo Bipolar, Depressão, Esquizofenia, dependência química, que passaram recentemente por alguma perda significativa – separação, luto, desemprego – é necessário ficar mais atento”, relata.
A psicóloga destaca que todas as doenças mentais têm componentes biológicos e psicológicos, daí surge a importância do tratamento com profissionais especializados da área de saúde mental, psicólogos e psiquiatras. “A prática de atividades físicas é essencial, pois libera neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem estar. Mas antes de tudo isso, é primordial o acolhimento e compreensão da família e dos amigos, porque muitas vezes a pessoa não consegue procurar ajuda sozinha! Então fique atento aos sinais, olhe com carinho para você e para as pessoas que você ama!”, finaliza Jadja Ruhoff.