Em um mundo cada vez mais acelerado, onde o tempo parece sempre correr à frente de nós, falar sobre saúde mental no trabalho é mais do que uma pauta, é um pedido de respiro coletivo. Neste 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, o convite é para desacelerar, olhar para dentro e reconhecer que o equilíbrio emocional é parte essencial da vida profissional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que transtornos como ansiedade e depressão custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. Mas, por trás desses números, há histórias de esgotamento, jornadas exaustivas e cobranças silenciosas. Há também o medo, o de não ser bom o bastante, de falhar, de não dar conta.
O desafio de manter a mente saudável
O ambiente corporativo, por vezes competitivo e impiedoso, ainda carrega o estigma de que falar sobre saúde mental é sinal de fraqueza. Mas a realidade mostra o contrário: reconhecer os próprios limites é um ato de coragem e autoconhecimento.
Quem explica é a psicóloga Letícia Fernanda de Souza Rosa, que possui capacitação em Intervenção Precoce pelo Núcleo Interdisciplinar de Intervenção Precoce. Para ela, o diálogo sobre saúde mental precisa deixar de ser um tema eventual e passar a integrar a rotina das empresas.
“Cuidar da mente não é algo que deve acontecer apenas quando já há um colapso emocional. A prevenção é o caminho mais eficaz. Quanto antes o trabalhador tem acesso a apoio psicológico, maiores são as chances de evitar um quadro de esgotamento ou ansiedade”, destaca Letícia.

Segundo a psicóloga, os últimos anos trouxeram uma mudança importante: mais pessoas têm buscado ajuda. No entanto, o medo do julgamento ainda impede que muitos falem abertamente sobre o que sentem.
“As pessoas têm receio de parecer frágeis ou de perder oportunidades. Mas precisamos desconstruir essa ideia. A saúde mental é parte da saúde integral e deve ser tratada com a mesma seriedade que a física”, reforça.
O papel das empresas no cuidado com as pessoas
Letícia ressalta que o cuidado não deve se limitar a campanhas isoladas, mas ser incorporado à cultura organizacional.
“Quando o colaborador se sente ouvido, ele se torna mais engajado, mais criativo e, principalmente, mais saudável. O trabalho pode, e deve, ser um espaço de crescimento, não de sofrimento”, frisa.
Para ela, investir em programas de escuta e acolhimento é essencial. Pequenas ações, como espaços de conversa, treinamentos para líderes e incentivo ao autocuidado, já fazem grande diferença.
“A empresa que valoriza o bem-estar demonstra que se importa com quem faz parte dela. Isso gera pertencimento, motivação e confiança. E esses são os pilares de um ambiente de trabalho realmente saudável”, afirma.
Um novo olhar sobre o sucesso
Mais do que um lembrete anual, o Dia Mundial da Saúde Mental é um chamado à reflexão. Em meio à pressa e às metas, é necessário resgatar o sentido humano do trabalho, lembrar que, antes de qualquer cargo, existem pessoas.
Porque, no fim das contas, cuidar de quem trabalha é o primeiro passo para fazer o trabalho dar certo.





