Na segunda-feira, 24, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das principais entidades científicas do Brasil e do mundo, divulgou uma série de indicadores contabilizadas pelo sistema InfoDengue, que é um sistema que monitora arboviroses e foi desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com os dados científicos, o Paraná e a região Sul do Brasil constam como “área de atenção em 2022” com tendência de expansão da atividade da dengue. Ou seja, o Estado poderá ter aumento de casos da doença, reforçando que é essencial que a população e Poder Público redobre esforços na prevenção ao mosquito transmissor da dengue, o Aedes Aegypti, com contínua remoção de criadouros.
“Surtos importantes de dengue ocorreram na região de Londrina/PR, Sengés/PR e Joinville/SC, no ano passado e anos anteriores, que podem indicar adaptação do vetor e alterações climáticas, tema que precisa ser melhor investigado. Um projeto para avaliar mudanças no padrão de temperatura do país e possível associação com o aumento da temporada de dengue já está em desenvolvimento pelo InfoDengue”, detalha a Fiocruz.
“Seria importante fomentar projetos de pesquisa na área de entomologia para estudar as mudanças de comportamento do Aedes aegypti”, afirma Cláudia Codeço, coordenadora do InfoDengue.
Chuvas e calor propícios para crescimento da dengue
De acordo com a Fiocruz, períodos de alta quantidade de chuvas somados ao calor, são extremamente favoráveis à proliferação do Aedes Aegypti, que transmite, além da dengue, a Zika e a chikungunya. “Há relatos de epidemias de dengue no Brasil desde 1846, mas foi em 1986 que ela reemergiu e rapidamente se espalhou pelo país tornando-se motivo de preocupação e alerta constante para a saúde pública”, detalha a entidade.
“A antecipação do período de transmissão em alguns estados traz preocupação e pode levar a incidências altas, se não for feito o controle adequado dos vetores”, aponta Codeço. De acordo com a InfoDengue, além do Sul, encontram-se atualmente em situação de atenção no Brasil: o noroeste de São Paulo/SP, região entre Goiânia/GO e Palmas/TO, passando pelo Distrito Federal/ DF, e alguns municípios isolados da Bahia, Santa Catarina e Ceará.
De acordo com a Fiocruz, o sistema percebeu um padrão de alta ocorrência de dengue durante 2021 no País, principalmente na parte Oeste do Brasil, “desde o Acre até o Mato Grosso, fato que coincidiu com a alta circulação do vírus em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, ressaltando a importância de vigilância forte e articulada nas fronteiras”, acrescenta”Nos meses de inverno de 2021, observou-se atividade aumentada de dengue na região Nordeste, considerada atípica. Uma possível explicação foi a circulação de chikungunya na região”, completa.
Segundo a entidade, nos primeiros meses da Primavera de 2021, houve expansão dos casos da dengue no centro Oeste do Brasil, bem como na estrada entre Brasília e Belém, passando pelo sul do Paraná e por Palmas – TO. Outro local de alta foi o estado de São Paulo. “O cenário apresentado pelo InfoDengue ressalta a importância de observar o comportamento do mosquito e manter o controle, para evitar os focos da dengue e combater o vetor”, explica a Fiocruz.
Aplicativo e mais sobre o sistema InfoDengue
Segundo a fundação, o sistema InfoDengue realiza o monitoramento de dados da dengue, zika e chikungunya em todo o Brasil “de forma integrada analisando dados epidemiológicos de notificação, dados climáticos e dados de menção às doenças nas redes sociais realizando uma correção de atraso das notificações dos dados para agilizar a tomada de decisão. Boletins são enviados semanalmente para as secretarias de saúde com as informações”, completa.
“Com o objetivo de otimizar o tempo dos usuários do sistema de monitoramento online de arboviroses InfoDengue, o coordenador do projeto e pesquisador/professor da Escola de Matemática Aplicada da FGV, Flávio Coelho desenvolveu o primeiro aplicativo para celulares Android e IOS do InfoDengue ao identificar o aumento do acesso mobile ao site. A partir do aplicativo, é possível buscar a situação das arboviroses na região de interesse”, finaliza a Fiocruz.
Com informações da Fiocruz