A busca constante pela estética física e Odontológica

A definição filosófica para estética é “ parte da filosofia voltada para a reflexão a respeito da beleza e do fenômeno artístico”e “harmonia das formas e/ ou das cores: beleza”. Observe que a estética, em suas definições, interliga-se a beleza. Já esta é um substantivo feminino que expressa a qualidade do que é o belo ou agradável. Deixando a interpretação de que o estético é aquilo que é agradável aos olhos. Mas, a que olhos? De uma multidão ou de um singular? O que é belo para mim é belo para você?  Como definimos o padrão de beleza, se cada um tem seu estereótipo individual?  Se cada cultura, cada momento histórico tem seu padrão, vale aqui a reflexão: o que é realmente belo para você?

 Durante toda a nossa história, vários padrões de beleza foram instituídos na sociedade. Vale lembrar dos penteados dos anos 60/70/80, os estilos de roupas e maquiagens, entre outros. A  mídia tem grande papel em propagar os padrões de beleza. Antigamente, televisão e cinema eram grandes construtores de estilo, hoje estamos tomados pelas mídias digitais que bombardeiam a nossa visão de imagens “esteticamente” perfeitas,  aumentando a busca por tratamentos estéticos. O Brasil lidera o ranking mundial em cirúrgias plásticas ( fonte: hospitaisBrasil.com.br ). Seria, em todos os casos, imprescindível a intervenção cirúrgica e a reformulação corpórea? Acredito que a resposta é não.

A construção da necessidade de mudar fisicamente para “participar”do padrão atual de beleza acaba refletindo em dinheiro. A idéia de padronizar o conceito de beleza também é utilizado para fazer a divulgação de produtos ou serviços que são comercializados pela industria cosmética. Conclui-se que instituir padrão de beleza de tempos em tempos estimula um ganho financeiro. Desta maneira, vale o questionamento: O que significa padronizar a estética para o mundo?  Me adianto a responder: Cifras!!!

Uma nova síndrome surge, que é a busca pela imagem perfeita. No mundo virtual,  filtros são usados e deixam nossas peles, cabelos e maquiagem perfeitas, porém, as pessoas “in vivo” não tem esse aspecto virtual. O descontentamento com a própria imagem fez desenvolver a Síndrome do Instagram. Desde 2017 os casos de dismorfia corporal associados a aplicativos como Snapchat e Instagram ganharam notoriedade. Os chamados “Síndromes da feiura Imaginária, é uma doença mental que leva o paciente a ter foco obsessivo em um defeito na própria aparência – seja ele real ou não. Assim, mudam seu visual buscando a imagem virtual dos filtros.

Nesse século, mais pacientes buscam pelo abdômen trincado 3D, pelo nariz da Nicole Kidman, lábios da Angelie Julie e,  lógico, os dentes brancos artificiais. É nesse momento que vale ressaltar, o quanto a beleza é instituída e quanto ela leva de valor para mercado. Não discutiremos saúde nesse momento, por que o foco é mostrar as alterações físicas por conta do alto padrão do esteticamente perfeito. Quantas intervenções deixaram pessoas sem poderem respirar corretamente, mas conseguiram o nariz tão lindo Instágravel? Quantos abdômens trincados, mas de recuperações insuportáveis de dor? E os dentes brancos cor louça de “privada”, mas com ausência de saúde bucal e ou até ausência dos dentes para mastigação? O que é belo ? O natural ou o exageradamente perfeito?

Sendo o objetivo refletir sobre o que é estética, terminamos muito longe de entendê-la. Se as construções estéticas servem para vender padrões de beleza, produtos, cirurgias e procedimentos, avaliar a real necessidade já aumenta a autocrítica e a conscientização. A busca incessante por beleza  externa faz com que nos preocupemos menos com o que mais importa. Os valores pessoais e a beleza interior  tornam-se coadjuvantes no processo de aceitação pessoal e não são levados em consideração nesse mundo digital. Qual é o preço da beleza para você? Esse custo vale a pena?

Marcelli S.S. Camargo       CRO:100.890              @Marcelli_Camargo

Professora da Especialização de Prótese da USP

Coordenadora da Especialização de Prótese do CAP/ ARACAJU

Mestre pela USP

Especialista em Prótese pela USP

Especialista em Implante pela UNINOVE

Membro ITI ( Internacional Team of Implantology)

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