Cidadania

Mães com filhos autistas se mobilizam para criar associação

União de Famílias pelo Autismo (UFA) terá como objetivo trocar experiências e levar conhecimento

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Sandra Baptista e Sara Caroline Alves Dias são mães como tantas outras que querem a felicidade e bem-estar dos seus filhos. Mas, para isso, tiveram que lutar muito para alcançar o mínimo que eles precisam para se desenvolver e ter qualidade de vida. Ambas possuem filhos autistas e, por terem se deparado com este fato e as dificuldades que encontraram, junto com outras mães, uniram-se para debater e exigir políticas públicas que conscientizem a sociedade sobre o autismo.

A mobilização já obteve resultados positivos. Além de ter mais mães no grupo de WhatsApp que criaram, onde podem trocar experiências, elas já conseguiram na Câmara de Vereadores de Paranaguá a aprovação do projeto que cria a Semana de Conscientização do Autismo na cidade, na primeira semana de abril.

Recentemente, elas deram entrada ao processo de criação de uma associação que se chamará UFA (União de Famílias pelo Autismo), pois até hoje, a cidade não possui nenhuma iniciativa voltada a este público.

“Como ainda não existem leis específicas para os autistas, as mães estão se juntando para organizar a associação. O projeto de lei já foi aprovado pela Câmara e estamos aguardando o decreto do prefeito e, com isso, vamos conseguir com que as pessoas  tenham mais conhecimento sobre o que é o autismo”, explicou Sandra.

Para as mães, a dificuldade não está no relacionamento das mães com seus filhos autistas e sim com a sociedade, que em sua maioria é leiga no assunto. “Sofremos preconceito, até pouco tempo também éramos leigas no assunto, não podemos criticar os outros, porque ninguém é obrigado a saber. Mas, se for exposto, as pessoas vão entender e aceitar a diferença”, ressaltou Sandra.
Sandra e Sara quando ainda não sabiam o que acontecia com os filhos, visitaram a Apae, onde se sentiram acolhidas e orientadas.

Nós, mães, precisamos de acolhimento. Com a associação, esperamos dar mais informações, dar amparo a outras mães, passar nossa experiência e ajudar na procura por direitos como passagem livre no ônibus. Precisamos formar esse grupo para poder introduzir o autismo na nossa cidade para que quando a gente passe por situações de dificuldades que muitas vezes as pessoas achem que é falta de educação na rua, não nos olhem com um olhar diferente, pois em crises de ansiedade, o autista pode se jogar no chão e gritar”, observou Sara.

foto2divulgacaoAutistas apresentam sintomas como dificuldades de comunicação e de interação social

 

DIAGNÓSTICO

O filho de Sara, de sete anos, foi diagnosticado com autismo leve e, por isso, teve que ser matriculado, desde o início, no ensino regular. Assim, ela o matriculou em uma escola particular, precisou entrar na Justiça para garantir o tratamento no plano de saúde.
Mas, antes disso, quando o filho estava com dois anos e meio, ela começou a perceber algumas mudanças no comportamento. “A princípio ele era uma criança normal, comia bem, falava e, a partir de certo momento, ele não queria mais andar, não queria mais comer, não queria sair de casa, não interagia e comecei a notar que aquilo era diferente”, contou Sara.

Depois disso, a mãe levou ao pediatra e pediu encaminhamento a um neurologista, fez exames e, a princípio, nada foi constatado. A opinião de um segundo pediatra foi que levou ao diagnóstico. “No final da consulta ele me perguntou: mãe, você percebeu que seu filho é diferente? E eu comecei a chorar. Procurei a Apae, me receberam muito bem e pediram para eu procurar um neurologista particular porque a fila de espera estava muito grande”, relatou Sara.

Após seis meses com acompanhamento de uma fonoaudióloga, o filho já voltou a falar e foi fechado e diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista. “A partir daí tudo começou a melhorar. Aceitei fácil porque já tinha desconfiança”, disse Sara.
Já Sandra percebeu diferença no filho assim que ele chegou em casa da maternidade. Ele não conseguia dormir, apenas cochilava e isso chamou a atenção, mas a pediatra dizia que estava tudo normal. Com dois anos, ele foi encaminhado ao neurologista, tomou remédio para dormir, mas a partir do terceiro mês, o remédio não fazia mais efeito. “Assim como Sara, procurei a Apae, fui muito bem recebida, meu filho ficou uma manhã com os profissionais e eles afirmaram que ele tinha que ficar na Apae. Eu sabia que ele tinha algo a mais”, lembrou Sandra.

Após passar por exames e novas consultas, ele foi diagnosticado com autismo moderado, passou dois na Apae e iniciou a inclusão no ensino regular. Após um mês na Apae, já estava falando cinco palavras. Hoje, ele está na escola regular com o acompanhamento de uma professora de apoio.

foto3autismosupermercadoNa última semana foi colocado alguns selos preferenciais de autismo em Paranaguá em supermercados

 

AUTISMO

O autismo afeta o sistema nervoso e o alcance e a gravidade dos sintomas podem variar. Os autistas apresentam sintomas como dificuldades de comunicação, de interação social, possuem interesses obsessivos e comportamentos repetitivos. O diagnóstico quando criança ajuda na aprendizagem por meio de terapias comportamentais, educacionais e familiares.

CONTATO

Aqueles que quiserem participar ou colaborar com a criação da associação, podem entrar em contato com uma das mães pelos telefones (41) 98459-1795 ou 99166-2402. É possível entrar em contato com as mães também através da página no Facebook “Autismo e Comorbidades Paranaguá”.

 

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