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Cidadania

Instituto Peito Aberto: há 10 anos Transformando Vidas

Fortes mulheres resilientes que lutam contra o câncer são exemplos de resistência e fé inabalável

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A presidente Fabiana Parro está ladeada pela diretora Mara Baioni e a Conselheira Fiscal Jiseli Martins Pirelli.

O Instituto Peito Aberto, em Paranaguá, completa 10 anos de atividades e serviços voltados à conscientização e a prevenção ao câncer de mama. O local oferece acolhimento e esperança a pacientes oncológicas. Através de voluntariado e apoiadores, o Instituto acolhe, orienta e acompanha, durante o tratamento, mulheres diagnosticadas com câncer de mama do município parnanguara e até mesmo de outras cidades do litoral.

A presidente do Instituto Peito Aberto, Fabiana Parro, destacou o ano festivo em que se comemora uma década de atividades no litoral do Paraná, no dia 6 de junho. “É um ano muito festivo para nós. Dez anos, tantas histórias de superação, tantas mulheres que a gente conseguiu abraçar, acolher, atender. Então é uma data que a gente agradece muito, primeiramente a Deus, por ter essa oportunidade, e esperamos que a gente possa ir mais alguns bons anos e poder fazer a diferença na vida dessas mulheres”, celebrou.

O INÍCIO

“Eu falo que o Instituto surgiu da dor. Somos mulheres que transformamos dor em amor ao próximo. Então, através da minha história de luta contra o câncer, da história da Isabela Galvez, minha prima, tudo o que a gente passou, o apoio que uma dava para a outra durante o tratamento foi que nos fez pensar o quanto isso poderia ajudar outras pessoas. Então, acho que o Instituto começa daí. Quando nós iniciamos, foi uma palestra, orientações para as mulheres, durante uma semana no Sesc. Depois disso, a gente entendeu que não poderia ficar só nisso e começamos a estruturar. No início, em 2014, o Instituto funcionava na minha casa, na casa da Mara Baioni, no consultório de profissionais que me atenderam quando eu estava doente. A nossa primeira oficina de costura foi no ateliê de uma amiga minha, Karina Máximo. Ela sugeriu que poderia ser ali, então a nossa primeira oficina de costura começou. A ideia da oficina de perucas iniciou, e, então, era um pouquinho em cada lugar. E em 2014, também a gente conheceu o André Alexandre e o Paulo Ras, foi quando a gente idealizou junto com eles uma exposição de fotos, porque a gente queria mostrar a mulher não-doente, porque muitas vezes as pacientes quando recebem o diagnóstico não se sentem doentes. Então mostrar esse outro lado da mulher, mostrar que mesmo em tratamento com câncer ela é feminina, a vida dela continua, que existe esperança”, contou Fabiana, explicando como foi o início da instituição.

“Estar dentro do Instituto Peito Aberto é uma missão para que a gente possa transformar realmente a vida dessas mulheres e salvar vidas”, contou a presidente Fabiana Parro

“A exposição foi um sucesso e nos trouxe muita visibilidade. Foi através dela, que a diretoria do Settapar conheceu nosso trabalho e se propôs a nos ajudar. No início de 2015, eles nos ofereceram o primeiro andar do prédio deles para que pudéssemos instalar nossa sede. O Settapar foi o nosso primeiro e grande apoiador, hoje o nosso mantenedor, vamos dizer assim. Em 2014 também aconteceu a primeira Corrida e Caminhada contra o Câncer junto com a Carla Mendes Costa, que era a proprietária da loja da Candeia, a Luciana Picanço, o Bruno Zacharias e o apoio de várias empresas da cidade. Foi um momento muito importante para o Instituto. 2014 foi um ano fundamental, vamos dizer assim, onde o Instituto ganhou uma visibilidade muito grande, foram dois eventos muito importantes para o Instituto”, concluiu Fabiana.

O Instituto iniciou suas atividades em 6 de junho de 2014 com 15 pacientes. “Nós iniciamos com 15 mulheres sendo atendidas e hoje a gente tem mais de 130 mulheres em atendimento. Durante esses 10 anos, já passaram mais de 500 mulheres nos nossos atendimentos. É muita mulher. O grande diferencial do Instituto é que nós temos lá dentro ex-pacientes. Então, todas as pacientes que chegam no Instituto são acolhidas por mulheres que já passaram pelo câncer, que já superaram a doença e que entendem exatamente o que essa mulher está sentindo. Então, eu acho que isso é o fator principal, que essa mulher sente quando chega lá. Esse acolhimento, estar ao lado dessa mulher, entender exatamente o que ela está sentindo, faz com que essa mulher tenha mais coragem de enfrentar a batalha, que não é fácil, é muito dolorida. Mas, ela vê ali no Instituto a possibilidade realmente de cura, de que a vida não acaba com o diagnóstico”, comentou a presidente.

O objetivo do grupo é acolher mulheres em tratamento de câncer de mama e suas famílias, trocando experiências e mostrando que a vida continua durante e após o tratamento, e também divulgar o quão fundamental são os exames preventivos, e que a detecção precoce é a melhor maneira de preservar a vida.

A diretora de Mercado do Instituto Peito Aberto, Mara Baioni, contou como conheceu a entidade. “O meu encontro com o Instituto Peito Aberto foi pela minha médica, doutora Ana Carolina. Eu tive câncer em 2011. Algo bem marcante foi quando eu conheci ela e ela me deu o diagnóstico. Você fica muito abalado, mexido. Eu nunca esqueço que quando eu levantei da mesa para ir para casa ela abriu a porta e disse ‘vai ficar curada e vai fazer um trabalho maravilhoso, voluntário’. Logo depois, ela tratou a Fabiana também. E a gente era, na verdade, amigas ocultas. Não sabíamos, mas tínhamos alguma coisa em comum. E a doutora Ana me convidou em 2013 para participar da Roda de Conversa no SESC para as pacientes que estava organizando juntamente com a Fabiana, foi quando eu conheci a Fabiana e a gente começou a nossa jornada e estamos aqui até hoje”, contou.

ACOLHIMENTO AS PACIENTES QUE BUSCAM O INSTITUTO

“Gratidão e amor ao próximo a gente tem que aprender todo dia”, disse a diretora Mara Baioni.

Mara disse, ainda, que o acolhimento acontece desde o primeiro contato com a paciente que busca o Instituto. “Você se sente privilegiado de uma certa forma de ter um lugar para você falar daquilo que você viveu, da sua dor e até de ter uma alegria, você vivenciar e sobreviver a tudo isso é um sobrevivente e poder acolher outras mulheres é uma bênção gigante, você se sente extremamente protegido, quando você abraça outra pessoa e você passou por isso, você se sente na pele como é você vivenciar um diagnóstico porque à noite você anda dentro da sua casa, você fica angustiado, você fica pensando que você vai morrer e quando uma mulher chega e você traz aquela memória, você abraça ela diferente”, completou a diretora.

Atualmente, são mais de 50 voluntários. “A gente tem a maior parte dos voluntários dentro da instituição, mas também temos vários parceiros e clínicas que ajudam a gente, e estão sempre lado a lado trabalhando. Sempre que elas chegam com diagnóstico, passam por mim, fazemos o acolhimento para entender o que aquela mulher precisa naquele momento. Mas a gente tem diversos serviços, que vai desde receber um lenço e uma peruca, que não é só isso que a instituição faz, a gente tem a fisioterapia para uma mulher que passa pela cirurgia, temos o apoio e acolhimento, psicólogos, advogado, dentista e diversos serviços multidisciplinares para suprir essa necessidade”, salientou.

COMO COLABORAR COM O INSTITUTO

“Se você é formada em alguma área, se você tem alguma disponibilidade de tempo, venha conversar conosco, venha expor que você pode ajudar”, explicou a Conselheira Fiscal, Jiseli Martins Pirelli.

A Conselheira Fiscal, Jiseli Martins Pirelli, está há cinco anos no Instituto e relata sua vivência com a entidade. “Eu tenho uma grande honra de estar com as meninas, a gente vê que é uma instituição muito séria, que realmente trata e acolhe todas as pacientes com câncer. Eu não passei pelo câncer, sou uma das poucas voluntárias que não tive essa vivência, mas tive uma tia muito próxima, como se fosse minha mãe, que infelizmente veio a falecer e a partir deste momento eu escolhi fazer parte do Instituto, poder ajudar de alguma forma e eu vejo que isso me traz muita felicidade, muito acalento, porque é uma instituição muito séria e vemos que as pacientes são ajudadas”, relatou.

São vários projetos desenvolvidos pela entidade. As pessoas em geral, podem entrar em contato com a diretoria para, quem sabe, contribuir de alguma forma. “Se você é formada em alguma área, se você tem alguma disponibilidade de tempo, venha conversar conosco, venha expor que você pode ajudar”, explicou Jiseli.

DEPOIMENTOS MARCANTES

Ao longo de uma década, muitas histórias e fatos marcantes aconteceram e que até hoje são lembrados pelas voluntárias. Cada paciente que busca o local tem uma história para contar e compartilha, através de rodas de conversa, a sua vida, o momento em que está passando e, ao mesmo tempo, ouvem as demais pessoas que estão tratando da doença.

“Quando eu e a Mara Baioni começamos a fazer os ‘Outubros’, a gente ia em todos os lugares que nos chamavam, chegamos a fazer de duas a três palestras por dia, no início. E isso, para mim, era um desgaste muito grande porque eu revivia a minha história e a minha dor em cada fala, então foi um momento muito difícil e muitas vezes eu pensei em parar, não em desistir, mas parar, porque quando você passa por uma dificuldade muito grande, você quer esquecer, quer virar página e seguir sua vida. E quando você faz a palestra e conta a sua história, você revive isso. Então era muito recente também, a dor ainda era muito grande e em um determinado momento eu decidi que eu não ia mais fazer palestra e naquele dia me ligaram para eu falar e a palestra seria em um domingo e eu falei não, domingo não, domingo eu vou ficar com a minha família e não iria na palestra. Passaram-se dois dias, a doutora Ana me liga, que ela tinha feito cirurgia numa jovem mulher, um caso muito parecido com o meu e que ela gostaria que a gente fosse até o hospital para conversar com essa mulher, porque ela estava muito debilitada, era uma pessoa jovem, então para que a gente pudesse dar esse apoio e acolhimento. Eu liguei para a Mara, nós fomos até o hospital, e quando a gente abriu a porta do quarto, ela olhou para mim e falou assim, ‘você salvou a minha vida, a minha irmã estava ouvindo uma palestra que você deu na empresa dela, e o seu relato, ela chegou em casa e falou, tudo que você está sentindo é a mesma coisa que a moça que fez a palestra hoje na empresa sentiu quando ela teve o diagnóstico’. Eu peguei o telefone da médica dela e realmente ela estava com câncer, e ela fez cirurgia, enfim, e naquele momento, eu disse que precisava fazer essa palestra. Eu entrei em contato de novo com a pessoa e fui no domingo e fiz a palestra. Hoje ela não está mais entre nós, mas são coisas que a gente muitas vezes pensa que você não está fazendo diferença na vida das pessoas e às vezes uma palavra sua pode salvar uma vida, então é uma missão mesmo. Eu acho que estar dentro do Instituto é uma missão para que a gente possa transformar realmente a vida dessas mulheres e salvar vidas”, contou a presidente Fabiana Parro.

Outra passagem marcante nesses 10 anos do Instituto foi a história de uma moradora do bairro de Alexandra, que buscou a instituição para ter o acolhimento necessário naquele momento. A diretora Mara Baioni contou este relato.

“Quando eu atendi uma paciente, ela tinha acabado de receber o diagnóstico de câncer, era uma moradora de Alexandra e eu fui chamada para fazer esse apoio, esse acolhimento. Quando eu trouxe ela para o Instituto, da Saúde da Mulher, e a gente começou a buscar alguém para vir buscar ela porque ela estava muito nervosa e eu perguntei para ela por que ela veio sozinha para receber o diagnóstico. Ela falou que só teria dinheiro para o ônibus para ela vir, então daí começamos a buscar alguém para busca-la. Ela chegou, sentou-se na cozinha, ficou aguardando, tinha umas bolachinhas no vidro e ela perguntou se poderia comer e eu falei, claro que pode, daí peguei um café com leite também. Ela falou: eu estou feliz agora que eu comi. Eu falei: é, por quê? Daí ela falou assim: é porque faz três dias que eu não como”, contou Mara, que continuou. “Eu saí da frente dela, eu tive que ir no banheiro chorar para conseguir me recompor, para continuar com ela porque fiquei pensando, que situação, né? Você receber um diagnóstico de câncer com fome. E entrei em contato com a Fabiana e falei: a gente precisa fazer alguma coisa. E graças a Deus a gente fez e foi quando a Carla Mendes Costa também entrou em ação e ela conseguiu através do Rocha. Naquele dia a gente recebeu uma doação de 80 cestas básicas e a gente foi levar essa cesta até esse paciente. Então eu sempre falo que se tivesse que colocar o nome desse projeto, dar o nome para esse projeto para mim, ele ia se chamar Joelma. Porque ela não está mais conosco, mas assim, eu me sinto honrada por Deus por ter conseguido de alguma forma amenizar juntamente com as outras pessoas que abraçaram essa causa. Então, às vezes a gente tem vontade de desistir. Não é fácil fazer esse trabalho, mas quando você lembra de muitas coisas que vai pelo meio do caminho que você encontra, você também encontra motivação pelo próximo para andar. Eu acho que pensar no outro, ter essa empatia e fazer com que uma pequena coisa faça diferença na vida da outra pessoa, acho que retorna para você muito maior. Acho que é gratidão e amor ao próximo, isso a gente tem que aprender todo dia”, completou Mara.

O SUCESSO DO CAFÉ DA PRIMAVERA

Um dos eventos que o Instituto Peito Aberto vem realizando na cidade é o Café da Primavera para a população, para as mulheres da região. A última edição, realizada em 2023, reuniu 300 mulheres. “O nosso café em parceria com a ACIAP e hoje com o CMEC, que tem como presidente do Conselho a Jacqueline Guimbala, que está com a gente em todos os cafés, só vem crescendo. O nosso primeiro na ACIAP tinha 100 mulheres. O último, no início de outubro de 2023, nós reunimos 300 mulheres e muitas ficaram de fora. Então, poderíamos ter umas 400 mulheres. Eu acho que comportaria com tranquilidade e a gente fica muito feliz porque isso mostra a credibilidade do nosso trabalho também, porque todas essas pessoas que compram os convites ou as empresas que ajudam financeiramente para que tudo aconteça, sabem da seriedade que é o trabalho do Instituto e sabe que comprando, adquirindo esse convite, de alguma forma, estão ajudando os nossos projetos, então a resposta da sociedade com o nosso trabalho é muito gratificante e isso vem crescendo justamente porque nesses 10 anos a gente tem um cuidado muito grande com a prestação de contas, com a sociedade, tanto é que quando alguém quer ajudar os nossos projetos, a primeira coisa que a gente fala, venha conhecer o Instituto. Antes de você ajudar, doar, venha conhecer o Instituto, venha ver como que acontecem as coisas aqui dentro, venha ver as mulheres sendo atendidas. Isso passa uma credibilidade e faz com que cada ano os nossos eventos cresçam e cada vez mais lindos”, frisou.

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NOVA SEDE DO INSTITUTO PEITO ABERTO

O Instituto Peito Aberto vive, a partir de agora, um outro momento em relação ao seu espaço físico. A presidente da instituição anunciou que uma nova sede, na região central da cidade, está se tornando realidade. “O Instituto durante esses anos é apoiado por muitas pessoas, muitos voluntários, muitas empresas. Nós tivemos o privilégio de conhecer a Lisangela Faucz e a Regina Daux e conseguimos entrar na Feira da Partilha, fazer parte dessa grande família da Feira da Partilha, que realiza muitos sonhos aqui na nossa cidade e nós fizemos parte dessa última e conseguimos adquirir uma casa onde agora a gente vai trabalhar para que a gente possa reformar, deixar ela do nosso jeitinho, para que possamos atender essas mulheres com a qualidade que a gente deseja. Temos muitos projetos para essa casa e nada que acontece no Instituto é por acaso. Quando a Regina Daux e a Lisangela Faucz nos levaram até a casa, onde a gente iria receber da Receita Federal, eu até me emocionei, porque essa casa foi a casa onde a gente entregou a primeira peruca. Na época, essa casa era o ateliê da Karina Maximo, onde a gente começou a fazer as nossas oficinas e a nossa primeira peruca foi entregue nessa casa. A nova casa deixa a gente com o coração bem quentinho e temos a certeza que vamos conseguir fazer todas as reformas, deixar ela bem aconchegante para receber esses nossos pacientes”, anunciou Fabiana.

Hoje, no Instituto Peito Aberto são realizados diversos projetos e atendimentos a pacientes com câncer de mama e seus familiares. Entre eles estão:

– Projeto Alinhavando Vidas: formado pela oficina de costura, oficina de pintura, oficina de perucas, oficina de livros e banco de lenços;

– Projeto de Acolhimento e Atendimento: formado por profissionais das áreas da saúde, direito e serviço social;

– Projeto Saúde: Inclui aulas de dança, treino funcional, pilates, caminhada, corrida e ioga.

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