A tarde de ontem, 21, foi uma mistura de comoção e alegria para as voluntárias do Instituto Peito Aberto e também para a mãe de Isabelly Cristine Santos, assassinada com um tiro na cabeça no último dia 14. Em uma decisão dolorosa, a mãe de Isa, Rosania Domingos dos Santos, entregou a mecha do cabelo da filha ao instituto, que produz perucas a pacientes em tratamento do câncer de mama.
Rosania, mãe da Isabelly, ficou bastante emocionada, mas acredita estar cumprindo o desejo da filha
Rosania contou que há alguns dias havia tido uma conversa com a filha, na qual demonstrou sua vontade em doar os órgãos e os cabelos.
“Ela falava que pensava nas crianças que tinham câncer, que ficam carecas, por isso esse é um desejo dela, eu só estou cumprindo tudo que ela queria. Estou realizada porque eu fiz o que ela queria, onde ela estiver ela estará feliz com a minha decisão. Vamos esperar a peruca ficar pronta, acompanhar a doação, porque acho que desta forma eu vou cumprir um ciclo e ter paz no meu coração”, enfatizou a mãe de Isabelly.
PEITO ABERTO
Para a presidente do Instituto Peito Aberto, Fabiana Parro (à direita), o gesto da mãe em um momento tão difícil, ser capaz de pensar no próximo, é o mais tocante em toda a história
“O trabalho do instituto é exatamente esse, quando começamos o trabalho queríamos transformar dor em amor ao próximo e é o que a mãe da Isa fez. Ela está acima de todo o sofrimento, que a gente não pode nem mensurar, ela consegue pensar no próximo. Para nós é muito gratificante, é uma credibilidade ao nosso trabalho, ela confiar o cabelo da filha em nossas mãos. É um gesto muito nobre e nós nos sentimos muito honrados e com certeza a gente já tem essa experiência, ela vai fazer alguém muito feliz, vai levar autoestima”, afirmou Fabiana.
A voluntária do instituto, Alessandra do Rocio Veiga, foi uma das primeiras a confeccionar perucas no espaço e recebeu uma verdadeira missão, a de ir até o Hospital cortar os cabelos de Isabelly e conta como recebeu a notícia. “Eu acredito em missão, eu não a conhecia, e me ligaram contando o motivo e a intenção da mãe em doar o cabelo e perguntaram se eu conhecia alguém que pudesse cortar ou se eu faria isso. Na hora pensei: se Deus mandou, era para eu fazer e disse que iria. Antes de sair de casa pedi a Deus que encaminhasse a minha mão e para que eu ficasse tranquila e conseguisse cumprir essa missão”, relatou Alessandra.
O processo, segundo Alessandra, foi rápido. “Quando cheguei, o cabelo já estava trançado, eu só medi o tamanho que precisava e sai de lá tranquila. A Isa foi um anjo, ela deixou isso acontecer de forma leve”, disse. Agora, o cabelo de Isa terá prioridade na confecção das perucas e daqui cerca de 10 dias o trabalho já será iniciado. “Depois a peruca vai a uma paciente e cumprirá a sua missão”, completou Alessandra.