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Atletas que jogam em Paranaguá destacam a importância da valorização do futebol feminino

A meia campista Lilian Paniagua e a goleira Alice Silva, que atuam no time feminino do Rio Branco S.C., falam de como o futebol feminino vem ganhando visibilidade nos últimos anos

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Com o início na quinta-feira, 20, da Copa do Mundo de Futebol Feminina 2023, que terá a grande final no dia 20 de agosto, quando a população conhecerá a grande campeã da competição, que está acontecendo na Austrália e na Nova Zelândia, a atenção de grande parte da população está voltada para a modalidade esportiva.  São 32 seleções em campo em busca do título da maior competição de futebol feminino do planeta.

Mas, apesar das mulheres jogarem bola há muitos anos, os torneios e premiações mais importantes do futebol feminino só começaram a ganhar forma há poucas décadas.

Relato das atletas em Paranaguá

Para saber da opinião de quem atua na área, duas atletas de futebol feminino, Alice Silva, 24 anos, e Lilian Paniagua, 20 anos, que atuam em Paranaguá, no time feminino do Rio Branco S.C., que está disputando a competição estadual pelo segundo ano consecutivo. Elas falam da importância da valorização da modalidade e da visibilidade que a Copa do Mundo dá às atletas. 

A goleira Alice Silva, natural de Morretes, atua há dois anos no futebol feminino, e fala dos avanços que a categoria vem tendo nos últimos anos. “Esta valorização que o futebol feminino está tendo é muito boa e ajudará muitas meninas que querem se dedicar ao esporte. De uns anos para cá a gente tem visto melhorar muito a valorização, a mídia melhorou muito, temos várias transmissões de jogos no país, e com a copa a gente vê que estão dando muito mais visibilidade ao esporte. Já quanto as nossas perspectivas para o futuro, acredito que vai melhorar muito, pois temos muito mais meninas agora chegando e elas vão pegar uma fase muito boa daqui uns três a quatro anos, o que incentiva muito a todas. Hoje, alguns clubes da elite já estão contratando as atletas com carteira assinada e com boa remuneração, e isso é algo que todas nós buscamos, pois é um incentivo para todas nós que estamos na área bem como para aquelas que pretendem entrar para o futebol, pois lugar de mulher é onde ela queira estar. Eu tenho o sonho de poder representar a nossa região no campeonato brasileiro feminino, e temos que pensar alto”, externa Alice, que revelou que está confiante na Seleção Brasileira e irá torcer muito para o time estar na final.

A meio-campista Lilian Paniagua, 20 anos, é natural do distrito de São Lorenzo, no Paraguai, e atua desde os 15 anos. “A valorização do futebol feminino tem melhorado muito, desde quando comecei. Lembro que no início não havia muito apoio, mas vemos que está sendo atualizado, está avançando como o futebol masculino avançou, e aos poucos está sendo mais valorizado a cada ano”, disse Lilian, que questionada se no país vizinho o futebol feminino tem o mesmo interesse que o masculino, a resposta é afirmativa. “Assim como o futebol masculino, os paraguaios são iguais aos brasileiros neste quesito, e estão incentivando muito e dando apoio tanto no masculino quanto no feminino, hoje temos muito mais apoio de todas as pessoas”, disse a meia-campista.

Incentivo para meninas que sonham em jogar

Ela aproveita para deixar uma mensagem para as meninas que sonham em jogar profissionalmente. “Para quem sonha em ser jogadora o que posso dizer é que tem que ter muita determinação, garra e muita fé, os sacrifícios são grandes e tem que ter a vontade de jogar, assim conseguimos o que queremos no futebol”, comenta Lilian, que tem o sonho chegar cada vez mais alto na modalidade e representar o seu país em grandes clubes femininos no mundo. “Como futebol pretendo chegar cada vez mais longe, hoje estou representando o Rio Branco, quero representar meu país e atuar em vários clubes pelo mundo”, externa.

Questionadas quanto à discriminação da atuação das mulheres em campo, as atletas relatam que está situação está mudando. “Hoje a discriminação vem diminuindo com o avanço da informação, mas alguns deles ainda precisam saber que nós também somos pessoas, que temos família, sentimentos que precisam saber respeitar, e os que acabam se excedendo são aqueles que não sabem o que é o futebol”, comentam as atletas.

Dificuldades de apoio na modalidade feminina no Brasil

O futebol feminino era proibido no Brasil até 1979. A primeira copa feminina aconteceu só em 1991. E foi só no ano de  2015, que as jogadoras tiveram um uniforme feito especialmente para elas, deixando de usar as roupas que eram resto do masculino. A primeira Copa do Mundo transmitida na televisão aconteceu em 2019, mesmo ano em que os clubes brasileiros foram obrigados a terem seus elencos femininos. Até 2020, as jogadoras usavam camisas com estrelas que não eram conquistas delas, mas sim do masculino. Esse é o primeiro ano que a Seleção Brasileira Feminina de futebol possui um uniforme feito exclusivamente para as jogadoras.

Perspectivas e valorização no futuro

No final de março deste ano, o Governo Federal assinou um decreto que prevê a promoção do desenvolvimento do futebol feminino amador e profissional, com mais investimentos e foco em proporcionar a descoberta de novos talentos, além de ações de fomento à participação das mulheres na gestão, arbitragem e direção técnica de equipes.

A instalação de centros de treinamento específicos, com adoção de metodologia de aprendizado e diretrizes pedagógicas específicas adaptadas às necessidades das meninas e mulheres para a prática do futebol também está entre as medidas anunciadas.

A participação dos clubes de futebol brasileiros é essencial na aplicação de todas essas medidas, por isso, o texto prevê incentivos aos clubes na formação de meninas e mulheres para a prática do futebol feminino.

Para os atendimentos dessas medidas, o Ministério dos Esportes vai firmar parcerias com estados, distrito federal e municípios, bem como com Confederações, Federações, ligas, clubes de futebol ou demais entidades voltadas ao desenvolvimento do futebol feminino profissional e amador no Brasil.

O decreto determinou que, em 120 dias, a pasta elabore um diagnóstico da situação atual do futebol feminino no país e um Plano de Ações até 2025 para a implantação da Estratégia. 

Discriminação e violência

A violência de gênero é uma realidade no país, ainda mais quando se trata de futebol. Para coibir esses assédios, o governo buscará a criação de mecanismos efetivos de desmobilização de comportamentos intolerantes ou violentos contra as meninas e mulheres, nos estádios de futebol ou fora deles.

Disparidades

Ainda falta muito para haver uma equidade no futebol feminino e masculino, principalmente na área salarial.  A fortuna de Marta, seis vezes maior do mundo e que joga há 23 anos, é estimada em R$13 milhões de dólares. Já a fortuna de Neymar, que nunca ganhou como melhor do mundo e joga há 14 anos, é de R$95 milhões.

Com informações do Ministério dos Esportes e Revista AZMina

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