Contrariando a máxima popular tão discutida no cotidiano, contra fatos há sim muitos e diversos argumentos. A frase, aqui, faz menção à cultura intelecto-social brasileira relacionada ao pensamento de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Ou seja, há argumentos mais do que prováveis para que a sociedade coloque a “colher”, e sobretudo, o bom senso nos casos de violência doméstica. Na pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres (Ipea), é possível perceber esse comportamento social. Na entrevista, 63% das pessoas concordam, total ou parcialmente, de que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. E 89% concordam que “a roupa suja deve ser lavada em casa”, enquanto que 82% consideram que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Ou seja, é preciso mudar.
E aqui entram ações como denúncias, orientações e todo um conjunto de políticas públicas que podem refletir nas mudanças comportamentais e culturais e minimizar os casos. Isso porque a violência doméstica não está ligada apenas àqueles que estão na situação, mas a toda uma sociedade que a passos largos e insistentes cultiva a desigualdade entre homens e mulheres.
Falar da violência contra a mulher, do machismo, de casos de feminicídio e de questões sociais e humanas não é bater na mesma tecla sem fundamento, como muitas pessoas insistem em falar. Os números de agressões e feminicídios aumentam a cada dia e são assustadores.
No Brasil, estima-se que cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos. O parceiro (marido, namorado ou ex-namorado) é o responsável por mais de 80% dos casos reportados, segundo a pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado.
Em Paranaguá, a realidade não é diferente. A Justiça recebe um caso por dia de violência doméstica. O avanço no número de denúncias refletiu na prisão de seis homens em Paranaguá no período de 21 a 28 de janeiro. As mulheres em questão fizeram a denúncia logo após o ocorrido à Polícia Militar e os acusados foram presos em flagrante.
Portanto, é preciso “meter a colher”, denunciar, orientar as mulheres que elas podem e devem ser respeitadas independente de sua situação. É preciso haver respeito e a falta dele pode acarretar em consequências irreparáveis.