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Editorial

Educação pela paz nos lares

Os problemas sociais, os quais envolvem os universos familiares, precisam ser falados em sala de aula para que a criança seja orientada sobre o que é certo ou errado.

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Como reprimir uma intenção de ódio e violência antes que se torne uma ação? Baseado no panorama alarmante, o qual revela que mais de 500 mulheres no Brasil foram agredidas fisicamente a cada hora, em 2018, é que o Tribunal de Justiça do Paraná, em parceria com a Secretaria de Educação de Paranaguá, realiza o projeto “Educação pela paz, construindo lares sem violência”.

A ação é desenvolvida através da juíza da 1.ª Vara Criminal, Cíntia Graeff, nas escolas da rede municipal de ensino com o objetivo de conscientizar alunos, pais, professores e toda a comunidade escolar como forma de reduzir esse tipo de violência, a qual pode ser física ou verbal, e que vitimou no ano passado 16 milhões de mulheres.

Para uma sociedade marcada pelo machismo patriarcal, sobre o assunto, uma pergunta pode vir à tona: e o que as crianças têm com isso? Para a resposta, basta analisar que é na primeira fase da vida, ou seja, na infância, que o ser humano depende das experiências que absorve para se desenvolver.

Ou seja, uma criança que cresce vendo o pai humilhar ou bater na mãe acreditando ser algo “normal” ou “comum”, dificilmente, no futuro, conseguirá se desprender dessas experiências e não replicá-las no seu dia a dia.

Os problemas sociais, os quais envolvem os universos familiares, precisam ser falados em sala de aula para que a criança seja orientada sobre o que é certo ou errado. Os meninos e as meninas devem crescer sabendo que a igualdade existe para eles. E que não existe grau de diferença entre uma profissão ou atividade entre um homem e uma mulher.

Precisam saber que o respeito e o carinho não escolhem gênero. Eles precisam aprender que a Justiça existe e que há formas de denunciar uma violência, pois ela não deve ficar impune.

Daí percebe-se a importância do trabalho de conscientização já nas salas de aula com as crianças. Isso porque quando ocorre uma ação de agressão contra uma mãe, uma irmã, uma avó ou uma tia, as consequências se desdobram para toda a família.

A iniciativa da Justiça e da Secretaria de Educação de Paranaguá deve ser valorizada, pois o ato de educar vai além dos livros para envolver a realidade social que vive uma comunidade. Paranaguá, por exemplo, teve neste ano, três casos de feminicídio julgados pelo Tribunal de Júri. E, portanto, um projeto que vem ao encontro da cultura da não violência trabalha com as raízes que podem evitar este mal no futuro. Dessa forma, faz-se acreditar que há esperança para as novas gerações.

Nesta perspectiva, a idealização de um projeto realizado pelo Judiciário mostra que sua atividade não se restringe aos gabinetes e ou tribunais.

É preciso, de fato, que a sociedade, em geral, se una para construir um futuro de mais respeito aos homens e mulheres. É preciso que as crianças espalhem o amor e repudiem a violência dentro de casa, fazendo com que os adultos entendam que amor não combina com violência.

Com isso, fica a frase da escritora Simone de Beauvoir, para reflexão: “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplice entre os oprimidos”.

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