A tragédia em Brumadinho, em Minas Gerais, a qual interrompeu a vida de 157 pessoas, e que chocou a população brasileira, prova que o Brasil é um dos países que mais falha na garantia dos direitos de cidadania. E sabe por quê?
Se a Constituição Federal de 1988 garante os direitos humanos no Brasil e consagra o princípio da cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho, tudo o que se viu em Brumadinho atesta a falência da seguridade desses direitos.
Entre os direitos e deveres de cidadania, alguns deles nem sequer foram prezados em Brumadinho, como, por exemplo, proteger a natureza; garantir a saúde, proteção à infância, à família, assistência aos desamparados, segurança, entre outros.
Fica claro, aqui, que a negligência maior dos responsáveis pela tragédia foi sem dúvidas, com o ser humano, mesmo antes de tudo acontecer.
As evidências foram claras. Três anos depois da tragédia de Mariana, a empresa Vale (responsável pelas represas em Brumadinho) ainda não havia desativado as barragens menos seguras; e a Agência Nacional de Águas (ANA) afirmava em relatório do ano passado que 56 das 175 barragens operadas pela empresa poderiam causar altos danos ambientais.
Infelizmente, a negligência foi paga com vidas e na contramão deste caos, voluntários surgem como uma luz em meio à escuridão.
Um dos exemplos é o do socorrista Aurélio Coutinho, que já atuou no litoral paranaense e foi voluntário em Brumadinho. Em matéria publicada na edição de hoje, ele relata uma das experiências mais marcantes em sua vida ao ver um cenário de destruição, como se fosse de guerra.
Aurélio sentiu no coração a necessidade de ajudar e partiu por iniciativa própria para Minas Gerais, na esperança de encontrar pessoas ainda com vida. O que ele viu lá, a olhos nus, jamais o cidadão brasileiro verá ou dimensionará pela televisão.
Se no lado de quem está no Poder aflorasse menos ganância, menos omissão, e menos descaso, certamente não se enfrentariam tantas tragédias anunciadas.
É preciso, sobretudo, nos tempos atuais, antes de mais nada, ser mais humano.
Com isso, vale refletir sobre o sábio pensamento de Charles Chaplin: “Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido”.