Historicamente, o Brasil é um dos países mais marcados negativamente e desde a sua origem, pela desigualdade social desenfreada. No período Brasil Colônia, com a chegada dos portugueses, houve a tomada das terras brasileiras e de todos os bens, que pertenciam aos indígenas.
A exploração resultou na busca pela mão de obra barata, o que levou à escravidão. Com isso, os negros passaram a ser objetos de mercadorias, foram escravizados, e além de ser refutada a eles qualquer condição de dignidade humana. Surgiram, então, dentro de todo o aspecto histórico brasileiro, as primeiras formas de desigualdades sociais no Brasil.
Os fatos, vistos de forma cronológica estão bem longe dos tempos atuais, mas o que se percebe é que este círculo vicioso da falta de igualdade social se perpetuou no País. E essa situação é bastante real, atualmente. Basta olhar pelas esquinas e perceber a quantidade de moradores em situação de rua. Esta é a realidade nua e crua.
Nesta semana, um fato isolado chamou a atenção e acendeu o alerta para a problemática social. Isso porque dois moradores de rua, os quais realizavam atividades artísticas por conta própria nas esquinas da cidade, entraram em vias de fato e um deles acabou matando o outro com um golpe de faca.
A polêmica foi instaurada sobre diversas questões, entre elas sobre a prática dessas atividades de forma não regulamentada nas ruas, a solidariedade, além das condições a que essas pessoas vivem, colocando por consequência, toda uma sociedade à vulnerabilidade da violência e da crescente insegurança.
Basta lembrar que na maioria dos casos, o que leva esse grupo às ruas é a falta de emprego, a falta de oportunidade social e econômica e uma desestrutura social toda interligada.
Deve-se ter em mente que, a morte de um morador de rua, sob a perspectiva social e humana, não significa “menos uma pessoa na rua”, e sim o atestado da falência social de uma cidade, um Estado e um País. Pois a violência atinge todos os grupos sociais e é preciso trabalhar para que essa realidade mude na prática e não em discurso.
Uma pesquisa publicada pelo Ipea projetou que o Brasil tem pouco mais de 100 mil pessoas vivendo nas ruas. Ou seja, um número bastante expressivo e que não se resolve na omissão, mas em políticas públicas voltadas a levar essas pessoas para suas cidades de origem e lhes dar a garantia de um trabalho, uma moradia, um tratamento de saúde adequado.
Dificilmente alguém opta, em sã consciência, por viver à margem, na rua. Desculpe, sociedade, mas essas pessoas, também, humanas, assim como todo cidadão, são escravas de um sistema social, econômico e político que precisa evoluir. Todos querem respostas, direitos, e garantias para viver com segurança e qualidade de vida.