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Editorial

A “síndrome da manada” e a violência contra a mulher

A “síndrome da manada” ocorre quando um grupo de pessoas segue um determinado comportamento em massa.

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Predomina-se no Brasil, atualmente, e cada vez com mais força, a chamada “síndrome da manada”. Tal situação ocorre quando um grupo de pessoas segue um determinado comportamento em massa.

Afinal, pode-se questionar em que o efeito manada tem ligação com ações de cunho social, ou seja, com o comportamento da sociedade? Mais do que se imagina, seu reflexo está em uma lógica de que a “manada” faz a população apenas seguir um impulso ou um incentivo ou um comportamento e ir atrás. Tem sido assim, há anos, quando a cultura intelectual brasileira ainda emite os efeitos de um pensamento arcaico histórico.

Exemplo forte e remanescente de séculos passados é o comportamento popular de dominação da mulher pelo homem. Ainda é comum ouvir em ocorrências em que a mulher é violentada verbal ou sexualmente, agredida ou menosprezada, frases como: “a culpa é dela”, “o que ela estava fazendo lá”, “ninguém mandou estar com aquela roupa”, ou “ela se permitiu passar por isso”.

E aí é que entra o reflexo da síndrome da manada, ou da “cegueira generalizada”, em que a sociedade luta para progredir, mas regride a passos largos pelo simples fato de só enxergar o que se quer, sem questionar, sem pesquisar, sem aprender.

Isso porque a cultura brasileira e machista faz com que a culpa seja sempre da vítima e coloca sempre a mulher em uma situação vulnerável à violência, e a dependência física e psicológica do homem. Se todos dizem que é assim, que funciona assim e que a mulher deve ser dominada pelo homem, certamente fica mais fácil e acessível à mulher, independente de sua faixa etária ou condição financeira pensar assim, como os outros. O que não é correto.

E é nesta linha, que entram os casos de feminicídio, cada vez mais comuns no Brasil. Vale lembrar que o feminicídio nada mais é que um crime de ódio, um crime moral, com traços de misoginia, de poder, da divisão entre homens e mulheres, da superioridade do homem sobre a mulher.

Por isso é importante pensar que a violência e crimes domésticos, por exemplo, não acabarão quando se tornarem ferramentas politiqueiras, mas quando cada cidadão brasileiro começar a pensar por si e não aceitar pequenas ações machistas corriqueiras no dia a dia, as quais têm como consequência fatal a violência e até a morte.

Ao saber, por exemplo, que seis mulheres morrem vítimas de feminicídio a cada hora no País, é inaceitável aceitar percepções políticas de que homem veste azul, mulher veste rosa e a mesma deve ser inferior por ter que depender única e exclusivamente de seu príncipe para ser alguém na vida.

Enquanto não houver um filtro pessoal e intelectual de cada cidadão, a sociedade estará fadada a regredir, a morrer aos poucos pela ignorância e falta de conhecimento. Fica a reflexão.

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