Direito & Justiça

Nucria apura 32 inquéritos de violência contra crianças e adolescentes

Maioria dos registros em Paranaguá neste ano é de crimes contra a dignidade sexual

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O Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), em Paranaguá, tem 32 inquéritos de violência contra crianças e adolescentes em andamento neste ano. O município está em fase de elaboração de um Plano de Enfrentamento para os devidos encaminhamentos às vítimas, debatido em Fórum na quarta-feira, 11.

Uma das palestrantes do evento foi a delegada do Nucria, Maria Nysa Moreira Nanni, que apresentou o número de casos denunciados em Paranaguá relacionados à violência contra crianças e adolescentes.

“Neste ano, já tivemos cerca de 40 boletins de ocorrência registrados e estamos com 32 inquéritos até este mês de março. No ano passado, tivemos cerca de 114 inquéritos e um número bem maior de boletins de ocorrência. Muitas vezes, no boletim há uma criança vítima, mas o agressor é um adolescente ou é uma situação em que há um fato atípico, algo relacionado à guarda de filhos, uma desinteligência entre os pais e a criança está nesse contexto. Não sendo crime, a gente não faz o inquérito”, explicou a delegada.

A maioria dos casos, de acordo com a delegada, estão ligados a crimes contra a dignidade sexual. “Coloco alguns casos como estupro, mas alguns ficam na situação de assédio ou então importunação sexual”, destacou a delegada.

foto%201%20delegada%20nucria“Ambiente correto para as crianças se desenvolverem é a escola, é uma família saudável, ter atividades culturais e, claro, cuidados com saúde e segurança”, afirmou a delegada do Nucria em Paranaguá, Maria Nysa Moreira Nanni

Escuta Humanizada

Segundo a delegada, o Nucria agora conta com uma psicóloga para a escuta de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência e de abuso sexual, o chamado depoimento especial.

“Entre as 40 ocorrências, os inquéritos já foram até relatados, porque agora tendo uma psicóloga no Nucria, a nossa dinâmica de atendimento fica mais consistente. Porque logo a criança é encaminhada para entrevista por uma profissional que está apta, que já possui um padrão de trabalho, tem formação para essa atividade e isso auxilia muito o nosso trabalho. Nós temos uma visão policial, investigativa e, muitas vezes, as dúvidas que nós temos que levaríamos a uma vítima muito fragilizada, talvez não fosse adequada. Não que seja errado, mas visa ao bem-estar da vítima, por isso é tão importante ter um profissional especializado”, afirmou a delegada.

O objetivo do depoimento especial é que a criança seja ouvida somente uma vez, para que não reviva o sofrimento. “Atualmente, a legislação permite ouvir a vítima mais uma vez, mas tem que haver uma justificativa para isso. Sou a favor de inicialmente ter a escuta adequada da criança para que ela se livre daquilo e entre em seguida em acolhimento e encaminhamentos para se recuperar e, assim, não ficar revivendo cada vez mais”, declarou Maria Nysa. “Inclusive, as vítimas de casos mais antigos, da época que não tínhamos servidor, estão sendo atendidas agora”, concluiu a delegada.

Prevenção

Para Maria Nysa, a sociedade pode colaborar com a prevenção se tiver mais conhecimento. “Em um primeiro momento, a responsabilidade é do Poder Público em passar as informações adequadas e pertinentes e contar com os órgãos de imprensa para sempre reavivar as informações corretas e haver um consenso para que se trabalhe a erotização infantil, questionar essas ideias de que criança pode trabalhar, o ambiente correto para as crianças se desenvolverem é a escola, é uma família saudável, ter atividades culturais e, claro, cuidados com saúde e segurança. A sociedade está encharcada de muitas opiniões que não são úteis para a proteção de crianças e adolescentes”, afirmou a delegada.

Nucria apura 32 inquéritos de violência contra crianças e adolescentes

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