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Dia da Mulher

Afinal, o que é sororidade?

Psicóloga ajuda a entender o termo que ganhou força propondo a união entre as mulheres e a quebra da rivalidade

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É muito comum atualmente se deparar com o tema sororidade. O termo passou a ser bastante utilizado para explicar a necessidade que mulheres encontraram de promover a empatia umas com as outras, deixando de lado a rivalidade. A psicóloga Jadja Ruhoff atua no Hospital Regional do Litoral (HRL), atendendo mulheres que sofrem algum tipo de violência, e explicou melhor o termo e o que a sociedade, de maneira geral, ganha praticando a sororidade.

“Cada ser humano tem direito a suas escolhas individuais e a ter voz. Quando temos apoio e subsídios para tal, sem julgamentos sexistas, fica muito mais fácil”, afirmou a psicóloga Jadja Ruhoff

Segundo ela, é preciso entender inicialmente o conceito de feminismo, que preconiza a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

“Parte do princípio da solidariedade, considerando nossa condição humana. Sendo assim, a sororidade vem ao encontro de uma atitude mais empática das próprias mulheres, umas com as outras. Nossa sociedade é pautada historicamente no patriarcalismo e estimular a rivalidade entre as mulheres as mantêm isoladas e desunidas. As conquistas para as mulheres demandam muito esforço, tendo em vista menores oportunidades e grande concorrência”, abordou Jadja.

Desta forma, quando há união e apoio entre as mulheres, as conquistas podem ficar mais próximas. “Quando nos unimos e nos apoiamos, somos solidárias umas com as outras e com uma causa em comum. Nos permitimos sermos falhas também. Cada ser humano tem direito a suas escolhas individuais e a ter voz. Quando temos apoio e subsídios para tal, sem julgamentos sexistas, fica muito mais fácil”, afirmou Jadja.

Como praticar a sororidade?

A principal ferramenta para praticar a sororidade, de acordo com a psicóloga, é a empatia, se colocar no lugar das outras mulheres, entender suas dificuldades, valorizar suas atitudes e apoiar suas escolhas. “Quando nos unimos e buscamos direitos igualitários, lutamos pelo que é justo e bom para todas e cada uma. Todas têm o direto de sair à noite sozinhas em segurança. De usar a roupa que quiser. De terminar um relacionamento insatisfatório e continuar viva e saudável. De receber reconhecimento equânime ao parceiro profissional masculino. De querer ou não ser mãe”, afirmou Jadja.

Movimento “Me Too” mobilizou mulheres de todo o mundo a se unirem para falar sobre casos de assédio sexual

“Me Too”: União contra o assédio sexual

O movimento “Me Too” foi iniciado nos Estados Unidos, em 2017, quando uma atriz publicou nas redes sociais um pedido para que todas as pessoas que já tivessem sofrido assédio sexual postassem a hashtag #MeToo. Rapidamente, o termo ganhou força e homens e mulheres começaram a compartilhar histórias de abusos e assédios sexuais que já haviam vivenciado.

“Esse movimento deu visibilidade à luta das vítimas de assédio sexual e evidenciou que juntas somos mais fortes. Uma voz apenas não teria o mesmo efeito. Cada uma encorajou outras vítimas a se manifestarem e denunciarem as agressões. Cabe ressaltar que artistas, atletas, profissionais de saúde, políticos, líderes religiosos, enfim, pessoas com visibilidade social são atores sociais, formadores de opinião e têm a responsabilidade de atuar visando a influenciar positivamente o coletivo, repassando uma mensagem de paz e solidariedade. As mudanças culturais ocorrem paulatinamente e são impressas também por esses movimentos”, analisou Jadja.

O movimento também serve para que as mulheres consigam identificar mais facilmente o que são os assédios, como eles ocorrem e quais são os seus direitos para que possam se defender. Embora, ainda exista um longo caminho a ser percorrido, como afirmou a psicóloga.

“No Hospital Regional do Litoral oferecemos atendimento psicológico posterior às mulheres que chegam ao hospital após terem sofrido violência, e são casos graves, algumas já tentaram suicídio por sofrerem agressões sistematicamente. Pode se observar pelo relato de algumas vítimas que ainda não estão conscientes de seus direitos, apenas de sua fragilidade. Infelizmente, não encontram apoio sequer em sua família ou amigas. Por isso é necessária uma profunda mudança na sociedade, onde as pessoas se posicionem mais, as mulheres precisam se unir e validar o discurso umas das outras”, afirmou Jadja.

Os homens, segundo ela, também podem ajudar nesse processo de mudança na sociedade, pois também são cobrados a ter uma determinada postura desde criança.

“Respeito, educação e diálogo são o caminho. Os meninos são criados para assumir características masculinas, é desaconselhado manifestar sentimentos desde a infância e repressão gera raiva e agressividade. Não lhes é dado o direito de desenvolver a sensibilidade, pois essa seria uma característica feminina”, destacou Jadja.

Faz parte também desse processo repensar o posicionamento dos pais enquanto formadores de seres humanos. “Somos todos reflexos do ambiente em que vivemos, podemos formar uma geração de pessoas gentis, respeitosas e emocionalmente inteligentes, se começarmos a repensar nossa conduta enquanto adultos. Aprendemos por exemplos e o homem precisa respeitar a mulher porque ela é um ser humano como ele, não apenas porque ele tem uma mãe, irmã ou filha. O mesmo vale para a mulher. O respeito e a solidariedade são universais”, concluiu a psicóloga.

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