Tanto o filme “Click” protagonizado por Adam Sandler, como o livro da autora Márcia Kupstas intitulado “A pedra mágica do tempo” tratam sobre o mesmo tema: o poder de avançar o tempo.
Sabe que, às vezes, dá uma vontade louca de ter esse poder nas mãos. Sei lá, talvez uma maquininha, com dois botões: um para acelerar o tempo e outro em que pudesse pará-lo.
Apertaríamos o botão de aceleramento para: escolhas erradas, gafes, palavras mal colocadas, silêncios constrangedores, momentos em que temos que decidir sobre algo e nas diversas situações em que nosso maior desejo é somente um: sumir. Ou quem sabe talvez fechar os olhos, dormir profundamente, e acordar anos depois com as questões resolvidas ou esquecidas. Em suma, pularíamos a parte chata. Aquela que exige de nós, amadurecimento, raciocínio e responsabilidade.
Congelaríamos os momentos em que fomos criança e todas as brincadeiras que existiam. Nessa época fantástica em que somos tão autênticos. Não fazemos a mínima ideia do que são as convenções sociais e não estamos nem aí para o que vão pensar de nós. Afinal, somos crianças e, como tal, temos passagem livre. É um período em que dizemos verdades de fazer arrepiar os cabelos e contamos mentirinhas tão ingênuas que são todas perdoadas, nenhuma capaz de entrar para o rol dos pecados.
O botão de parar serviria para todos os passeios, as viagens, o lazer e os momentos agradáveis, como no exato momento em que nos apaixonamos. Quem já não quis parar o tempo quando se apaixonou perdidamente? Longas horas de espera até o encontro e minutos escorregando pelos dedos quando estavam juntinhos. Por que entre os apaixonados as horas passam tão rápido?
Gostou da ideia? Que tal, avançar e parar?
Depois de toda essa fantasia, volto a fincar os pés no chão. Sei bem que o nosso mundo é outro. Sem invencionices ficcionais, seguimos: trabalhando, estudando, engravidando, parindo, sorrindo, sofrendo, amando, desejando, dormindo, acordando, vivendo. Essa odisseia de gerúndios.
Porque a vida é assim, nenhum pouco linear. Prosseguimos traçando nossas metas e objetivos, conferindo a previsão do tempo, ajustando os relógios, mas não estamos imunes aos percalços, aos imprevistos que a vida nos coloca. Quem garante a nós segurança ao atravessarmos uma rua ou ao botarmos os pés para fora de casa? Aliás, quem garante a nós segurança dentro de nossa própria casa?
E a gente pensa e se ilude achando que consegue controlar a vida. Esquecemos, na maioria das vezes, que na vida há duas certezas: que a morte um dia vem e que o tempo não para.