Desconfio daqueles que, diante de um novo acontecimento, de uma mudança de rota, de uma possibilidade acenando, reagem de maneira blasé como se nada fosse capaz de fazê-los mover um músculo.
Sempre achei que essas pessoas disfarçam bem. Só pode.
Não é possível que, com a expectativa de algo latente e pulsante, não lhes ocorra o tradicional frio na barriga, umas gotas de suor surgidas de maneira muito rápida na testa, algum tremor, um coração saltitando de forma descompassada dentro do peito, uma noite em claro.
Para isso servem as emoções. Para nos tirar do piloto automático, dos dias em que muitos se agarram numa sequência lógica de planejamento e não permitem que algo de novo ventile.
Engessados, muitos seguem em suas teorias de certo e errado, de fórmulas prontas, das repetições de padrões e comportamentos, talvez porque lhes promovam uma certa segurança e conforto.
A palavra “mudança” costuma nos desestabilizar. Não se sabe ao certo o que nos espera lá na frente. Por isso, muitos acham melhor transitar em territórios já conhecidos, com passos certos, o que em hipótese alguma lhes garante estabilidade.
A vida não é estável. Entrega-nos dias fáceis e difíceis, alegrias e tristezas, altos e baixos, euforias e desalentos, ou seja, um cardápio de sinônimos e antônimos.
E é justamente aí que está a graça. Já pensou no tédio que seria, se tudo respeitasse uma sequência preestabelecida?
Não tendo o controle de nada, a vida promove guinadas e alterações de trajetos que nos pegam de surpresa: um amor novinho em folha, o nascimento de um filho, uma vaga de emprego, um “sim” para o pedido de casamento, o ingresso na faculdade e, para mim, recentemente, um convite para escrever uma coluna de crônicas neste veículo de comunicação.
Aqui, na nova casa, faço hoje a minha estreia, com a expectativa de atrair novos leitores e de consolidar ainda mais o vínculo com os que me acompanham nessa jornada.
Sou do time de pessoas que escancaram as emoções, que mostram sem medo os sentimentos que latejam, mesmo que para isso pareçam frágeis.
Antes frágeis do que duras. Antes vertendo lágrimas em público do que controlando as emoções. Antes de tudo, humanas e não máquinas.
Abraço o espaço concedido como uma oportunidade de fazer aquilo que gosto: escrever. Como consequência, espalho literatura e arte por meio de crônicas que traduzem o nosso cotidiano em palavras escritas.
Acompanhem! Que seja um passeio. Com muita emoção, claro!
Por Kátia Muniz
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