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Crônicas

Gavetas não sabem ler

Comprei outros livros de diversos autores. Fui percebendo cada estilo e narrativa.

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Era fevereiro de 2011, eu lia, com muito prazer, um livro de crônicas que ganhara recentemente. Ao terminá-lo, encasquetei que talvez também pudesse escrever naquele mesmo gênero. Iniciava, aí, a minha fase de delírios! A história poderia acabar ali. Nada mais a acrescentar. Só que não foi isso que aconteceu.

Comprei outros livros de diversos autores. Fui percebendo cada estilo e narrativa. Tornei-me uma autodidata dedicada e persistente no propósito de escrever.

Destemida e com uma força de vontade capaz de inquietar até os mais acomodados, segui em frente e sem fazer planos.

Para minha surpresa, escrevi um texto, por dia, durante todo o mês de fevereiro. Era como se a escrita estivesse presa dentro de mim e, naquele momento, ganhou alforria.

Um belo dia, tomei coragem e desengavetei os textos. Tornei-os públicos.

Mais e mais, fui ganhando gosto pela escrita e vi nascer, em mim, uma nova versão. Uma estreia que se somaria a tantas outras que me habitam.

A versão que escreve é um pouco diferente, apesar de ter herdado várias características minhas. Considero que ela é mais leve, mais ousada, sabe lidar melhor com os imprevistos, com o caos do bloqueio criativo e com a chegada repentina dos insights.

Com essa leveza toda, foi abraçando o inesperado e as surpresas que surgiam no caminho. Gosto de vê-la em ação.

Oito anos se passaram desde o momento inquietante em que ela, meio de brincadeira, se pôs a escrever. Apesar das responsabilidades que foram surgindo, à medida que a escrita avançava, nunca perdeu a gaiatice e encara tudo com naturalidade e compara o momento da escrita a uma visita ao parque de diversões.

Este ano, em mais um rompante, decidiu que organizaria alguns textos em um livro. Foi em frente, sacudindo os obstáculos e vendo avançar o seu mais novo desafio. Trouxe para perto de si quem poderia ajudar a transformar o seu delírio em realidade. Questionou, deu de ombros para as adversidades e, de tanto se movimentar, tomar decisões e querer, fez acontecer.

Assim, acaba de nascer “Gavetas não sabem ler” uma coletânea com 80 crônicas, publicadas em jornal, no período de 2011 a 2017, e lançadas em livro de forma independente.

Ela é um dos meus “eus”, mas desconfio que tem vida própria, respira fora do meu corpo, oxigena-se e estende a mão para que eu, muito mais tímida, reclusa e reservada, possa desfrutar do passeio que me proporciona.

É bem possível que essa versão mais fértil em ideias seja capaz de gerar filhos em formato de páginas. Livros, a partir de agora, tornam-se a prole dessa minha porção, compensando o meu relógio biológico que encerrou o seu ciclo.

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