Na nossa conexão da semana passada falávamos da “xícara cheia”, na simbologia de como estamos deixando espaços em nossas vidas para o crescimento e evolução. Mencionei também a respeito das nossas distrações e dispersões, bem como as suas consequências durante a caminhada, quando a vida vai passando e não temos a chance de voltar no tempo. Aliás, é preciso dizer que a vida passa cada vez mais acelerada e num compasso perigoso, com um cronômetro em alta volatilidade.
O tempo sem dúvidas tem sido um dos grandes vilões em nossa sociedade e diretamente em nossas vidas. Vivemos dentro de um processo frenético, sem parada e porque não dizer num certo estado de loucura. Sentimos a necessidade de estarmos sempre ocupados, sempre correndo e sempre buscando alguma coisa. Tal situação nos indaga a respeito da nossa autossuficiência e também do que estamos fazendo com o nosso tempo. Fica a impressão de quanto mais tempo otimizamos, menos tempo alcançamos. Trata-se de uma análise de qualidade do nosso tempo, de como estamos administrando a nossa vida através dele.
Se pararmos para analisar, algumas patologias em crescente nos tempos atuais relacionadas à saúde mental agregam seus fatos geradores, diretamente ligados a questão do tempo. Na depressão vivemos presos ao passado, não conseguindo perceber nada que venha agora ou depois, totalmente entregues num enorme buraco onde somente enxerga-se o fundo. Na ansiedade o efeito é inverso, onde passamos a viver algo que não chegou, num processo de antecipação e de previsão, com angústias e sofrimentos por algo não vivenciado. No estresse não conseguimos administrar o presente, contemplando uma instabilidade e ausência de controle no hoje. Precisamos assim compreender a dimensão de cada espaço de tempo, seus significados e acima de tudo encontrar a medida certa de tudo. O grande segredo da vida está exatamente nesse sentido, de evitar os excessos e conquistar o equilíbrio.
Finalizo a minha reflexão com o poema “Tempo Certo” do nosso iluminado Paulo Coelho: “De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer apressar as coisas; tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto. Mas a natureza humana não é muito paciente. Temos pressa em tudo e aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia dizer: Qual é esse tempo certo?
Afinal, o que você está fazendo com o seu tempo?