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Sob o Véu

CABALA MUSICAL

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Publicado

em

Professor Henrique José de Souza


… nos NÚMEROS, nos SONS e nas CORES estão contidos todos os mistérios da vida. “A ciência dos números e a arte da Vontade, já diziam os sacerdotes de Mênfis, são as duas CHAVES da Magia, que abrem as portas do Universo”.

O número não era considerado, pelos antigos iniciados, como uma qualidade abstrata, mas, como a virtude intrínseca e ativa do UM SUPREMO, origem da Harmonia Universal. A ciência dos números era a das forças vivas, das faculdades divinas em ação nos mundos e no homem, no MACROCOSMOS e no MICROCOSMOS.

De fato, se partirmos da UNIDADE para a DIVERSIDADE – segundo nos ensina uma das Estâncias de Dzyan, isto é, de “Deus se divide para realizar o supremo sacrifício” – deparamos, desde logo, com a sua tríplice Manifestação, através da imensidade de Nomes com que a reconhecem as várias escolas filosóficas e religiosas, como por exemplo: Vontade, Sabedoria e Atividade; Pai, Filho e Espírito Santo, ou “Três Pessoas distintas e Uma só verdadeira”, dos cristãos; Brahmâ, Shiva e Vishnu (a “Trimurti”, ou três corpos) do esoterismo hindu; as Três Parcas ou Normas mitológicas, Clóthos, Láchesis e Atrópos; as três forças centrífuga, centrípeta e equilibrante e outras tantas, que seria fastidioso enumerar.

Essa Causa, ao mesmo tempo, Una e Trina – Deus ou Logos das principais religiões – é adorada como ISHVARA ou PRATY-GATMA, na Índia (o Ser Supremo donde emanaram todas as individualidades, como Centro de existência imutável, que vive no Seio da Existência Única, como Logos Solar, Espírito cósmico, Atmâ etc.) e na Cabala, como o TETRAGRAMATON ou IOD-HE-VAU-HÉ. Em seu papel ativo, é chamado o Demiurgo ou criador do mundo, entre os gnósticos; ou ainda, Viswakarma, o Deus arquiteto, como construtor do Universo. Pouco importa o nome que Lhe derem, é sempre o Deus com atributos ou BRAHMA-SAGUNA, proveniente da Divindade abstrata sem atributos ou BRAHMA-NIRGUNA.

Com essa Tríplice Manifestação, tudo evolui através do Setenário divino, produzindo refinamentos infinitos da matéria imponderável; o que além do mais, concorre para a multiplicidade das coisas e, consequentemente, fenômeno dos sons e das cores, tal como na arte musical, HARMONIA, MELODIA e RITMO, através das SETE notas da escala.

De fato, nos NÚMEROS, nos SONS e nas CORES estão contidos todos os mistérios da vida. A Tríade ou “lei do Ternário” é, pois, a lei constitutiva das coisas e a verdadeira Chave da vida, já que se nos apresenta, em todos os graus da escala da existência, desde a constituição da célula orgânica, até a hiperfísica do homem, do Universo e da Unidade donde tudo procede. E isso, na razão de eterna Luz que atravessa todas as coisas, com o fim de as tornar mais claras e transparentes.

Em um dos oráculos de Zoroastro, encontra-se:

“O número TRÊS reina por toda parte. E a Mônada é o seu princípio”…

Do mesmo modo que, nos Versos Doirados de Pitágoras:

“A Tríade Sagrada, imenso e puro Símbolo. Fonte da Natureza e modelo dos
deuses”.

Por toda parte, enfim, o mistério do UM, do TRÊS e do SETE!

Na impossibilidade de abordarmos – em tão resumido estudo – o poder cabalístico de tudo quanto se manifesta na Natureza, tomemos como exemplo, um simples corpo inanimado, embora que, como instrumento musical, seja o mais sintético e iniciático de quantos se conhecem: o PIANO.

Em seu conjunto, possui ele: caixa de ressonância, que tanto vale por CABEÇA, em cuja parte interna, já começa a influir o mistério do Setenário divino: a configuração dos martelos que ferem as cordas, as quais, por sua vez, estão dentro do mesmo mistério, desde que, em escala ascendente ou descendente, reproduzem sempre as mesmas notas.

No cérebro humano, tal Vibração Setenária está contida na “glândula pineal”, cujo poder expansivo foi capaz de abrir SETE FENDAS ou BURACOS, na caixa craniana, ou seja: 2 olhos + 2 ouvidos + 2 narinas + 1 boca = 7. E isso, no que diz respeito aos SENTIDOS, ou poderes que se manifestam de dentro para fora, embora que, espalhandose por todo o corpo, através de SETE CENTROS DE FORÇA ou CHAKRAS (Lotos, Rodas, Sóis etc., etc.), que alimentam a vida humana, além de fortalecerem – cada vez mais – a união dos “três corpos”, entre si – a fim de que, um dia o homem, após alcançar a perfeição absoluta, possa fundir-se naquela mesma “Vida Una”, a que já nos referimos.

A seguir, vem o teclado, como VENTRE, e onde estende em forma horizontal – contrariamente à vertical já descrita (que tanto vale pela da descida da Mônada, do Divino para o Terreno), o mistério de uma Ronda, através das suas Sete Raças-Mães e respectivas sub-raças, perfazendo o prodigioso número “49”, com o qual – além do mais – se poderia executar qualquer música, por mais complicada que fosse, por estar ele envolvido na Matemática Divina, para não dizer, na excelsa e prodigiosa HARMONIA DAS ESFERAS. Vem a seguir, os pés, como sustentáculo, alicerce ou base do peso contido em todo aquele “edifício” instrumental…

E é assim que o executante entra em harmonia com o instrumento: pela cabeça ou parte mental, repetindo o que se acha diante de seus olhos – a Música – por sinal que, figurada por outros martelos menores, pouco importa se, invertidamente, BRANCOS e NEGROS e inscritos em linhas e espaços (na razão de 5 por 4, ou a 5ª Raça-Mãe na obrigatoriedade de redimir os erros da sua antecessora: a 4ª ou Atlante). Sem falar que BRANCOS e NEGROS fazem-nos lembrar essas tremendas batalhas travadas no campo de KURUKSHETRA (de que fala o BHAGAVAD-GITÂ) entre SOLARES e LUNARES, até que ambos completamente equilibrados, ou não mais inimigos… concorram para a Suprema Vitória do ANDROGINISMO LATENTE, desde que a Humanidade se separou em SEXOS, ou seja, nos meados da 3ª Raça-Mãe Lemuriana.

As mãos do pianista, que devem ficar à altura de seu ventre e do instrumento, justamente, na sua parte média ou equilibrante, representam as próprias GARRAS da ESFINGE, em defesa à região umbilical ou Astral, como o verdadeiro Portal do Templo (subterrâneo: seio ou ventre da Terra); enquanto seus pés se apoiam sobre os do piano ou PEDAL, que, além do mais, representam essa forma dual ou andrógina… que já provém dos mundos superiores da matéria, através dos vários nomes que lhes dão as santas escrituras: ADAM-HEVE, ADAM KADMON, ADAM-CHEVAOTH (contrariamente ao termo JEOVAH, completando aquele outro cabalístico do Daemon est Deus inversus etc.), senão, como os “Gêmeos Espirituais”, ou aqueles que se acham envolvidos no mistério da Humana Redenção, que tanto vale pelo da Era de Maitri ou do “equilíbrio entre os três mundos ou qualidades de matéria”.

O lado esquerdo ou LUNAR do piano – que tanto vale pelo AGUDO, referente à voz feminina (donde o termo: “notas de cabeça”), é onde executa o CANTO, a mão DIREITA do pianista. É, pois, a parte do instrumento referente à ALMA, ou aquela que descreve todos os seus sentimentos (de dor ou de prazer), durante a trajetória cármica por este planeta de provas, onde é obrigada a viver (em corpo da mesma natureza: terrena ou física).

Enquanto o DIREITO ou SOLAR, como o GRAVE ou referente à voz masculina: o Ego, a Mônada, o Espírito, que ACOMPANHA, GUIA ou protege a sua companheira. E o MÉDIO, onde as duas mãos se tocam, confundem-se, enlaçam-se, representando o androginismo perfeito, por ser, justamente, o LUGAR onde Alma e Espírito realizam o místico consórcio musical, tal como no mundo humano, quando o homem chega a alcançar tamanha realização, que o torna um Ser Superior, Adepto ou ILUMINADO.

O mesmo instrumento, dividindo-se em três partes, quer vertical, quer horizontalmente (formando um CRUZEIRO ou Pramantha), reproduz, não só os três mundos cabalísticos, como os três corpos de que o Homem se compõe. Quanto aos termos GRAVÍSSIMO e AGUDÍSSIMO, representam o ALFA e ÔMEGA do que se pode chamar de “Evolução” e “Involução” da mesma Mônada. E se um MAESTRO ou pessoa que sabe executar com maestria a Obra ou ÓPERA MUSICAL, o próprio termo o diz: MESTRE, ADEPTO, GÊNIO ou JINA… E quanto a essa exigida POLARIDADE formada entre instrumento e executante (como tudo na vida, que é obrigado a mirar-se diante de um espelho), como dupla manifestação da própria Divindade, embora que, em aparente oposição ou antagonismo, e quanto vimos apontando até agora, inclusive a “mística União entre Alma e Espírito”, tem como lídima expressão, o fenômeno elétrico, especialmente, em uma lâmpada de arco voltaico, onde só se manifesta a Luz, quando os dois carvões entram em contato, ou melhor, quando os dois polos – positivo e negativo – estabelecem a CORRENTE. Semelhante, ainda, a duas pessoas que se odiassem e, desde então, começassem a se amar.

Tão sublime, quão transcendental UNIÃO, vem sendo simbolicamente representada, desde tempos imemoriais, através de lendas e mitos, como por exemplo: o wagneriano, quando ELSA – a filha da Terra (ou EVA), a Alma humana, se apaixona por LOHENGRIN, “o filho dos céus” (Chohan – Jina, agarthino etc. ou ALMA DIVINA, Espírito etc., como prova, “não poder revelar o seu misterioso Nome”, nem “a excelsa Pátria donde procede”: Shamballah etc.); na mitologia grega, “Psiké em busca de seu bem-amado”, quando não, o “tradicional cavaleiro à procura de sua amada”, a começar por “Perseu e Andrômeda”, ou aquele que mata o dragão, antes que este devore a sua “amada”, a qual se acha acorrentada à porta de seu palácio, além de ter esse mito servido ao plágio cristão do São Jorge, onde não falta o dragão, a princesa acorrentada e quanto ao outro se refere. Por sua vez, ORFEU desce aos infernos para salvar Eurídice… E assim por diante.

Não se deve, ainda, esquecer que o executante de qualquer trecho musical, é obrigado a servir-se dos DEZ DEDOS que, em si, já representam as DEZ FORÇAS CABALÍSTICAS, simbolizadas pela “Árvores Sefirotal”. Senão, os mesmos DEZ Avataras de Vishnu, onde o último, como SÍNTESE dos SETE que o antecederam é, ao mesmo tempo, Uno e Trino, qual coroa cabalística (de Três caras ou Faces) KETHER, CHOCHMAH, BINAH, e a mesma teosófica, ATMÂ, BUDHI, MANAS que caracteriza a própria Mônada, em sua tríplice forma. Daí a se chamar àquele (“Redentor-Síntese”), de MAITRI, isto é, o SENHOR DOS TRÊS MUNDOS; aquele que venceu ou equilibrou as três qualidades de matéria etc. De todo esse mistério, saiu o eclesiástico plágio do CRISTOREI. Ademais, por ser a época do 7º princípio (crístico, dos ensinamentos teosóficos), como o finalizador estado de consciência da Ronda atual.

Razão por que um verdadeiro ACORDE é formado de TRÊS NOTAS (dó, mi, sol; mi, sol, dó; sol, dó, mi; etc.) e dentro de qualquer das oitavas do piano, tal como a Mônada evoluindo gradativamente na escala setenária das Raças ou estados de consciência de que se compõe uma Ronda por inteiro. Por sua vez, o último acorde ou aquele que encerra o trecho musical, corresponde ao mesmo fenômeno acima referido, isto é, a Redenção da Mônada com o término de sua evolução na Terra.

Razão, ainda, da assistência que aplaude a magistral (de Magister, Maestro, Mestre etc.), interpretação musical, comparar-se ao papel que têm os Lipikas, de aplaudir ou não, os esforços da Alma através das suas várias encarnações na Terra, como experiência ou tesouro espiritual, que um dia acabará por torná-la completamente livre de tais encarnações. Ademais, são aqueles seres que conduzem, para a Ronda imediata, todo o esforço ou experiência da (Ronda) anterior, para não dizer, do “supremo sacrifício a que se sujeitou a Divindade, deixando de ser Una para se tornar múltipla, por isso que, agindo inconscientemente dentro dos maiávicos ou ilusórios véus da matéria grosseira, que A envolvem os mundos inferiores em que foi obrigada a viver.

Para finalizar: nenhum instrumento mais iniciático do que o PIANO; nenhum conjunto musical mais perfeito do que um “tercetto”, composto de: FLAUTA, VIOLINO e PIANO. E isso porque a flauta simboliza o Hálito ou Verbo Divino, realizador de quanto se manifesta na Natureza (como projeção da própria Vontade ali existente em estado latente); o VIOLINO (“velino, velocino” “ou véu divino”), como criatura, o ser animado por aquele mesmo Hálito representado pelo anterior, embora que esquecido de sua procedência divina, por causa do ignaro ou sombrio véu de que se acha cercado… Do homem, possui, ainda, as “quatro cordas vocais”, que servem de veículo ao Som ou Palavra com que expressa as suas ideias. E quanto ao piano – como instrumento sintético, segundo foi demonstrado – a mesma Harmonia das Esferas, para não dizer o Grande Concerto universal da Cadeia Setenária, onde vivem homens e deuses, embora que, sem se reconhecerem.

Do sublime consórcio entre flauta e violino – tal como nos “humanos consórcios”, o PIANO faz, ao mesmo tempo, o papel de JUIZ e SACERDOTE, assumindo, assim, os DOIS PODERES a que estão subordinadas as criaturas na Terra: o Temporal e o Espiritual, segundo a iniciática sentença do “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

Sejamos, pois, ao mesmo tempo, “Homens e Deuses”, debaixo do critério iniciático, que até aqui vimos desenvolvendo, embora que, progredindo, aos poucos, pelo fato de a “natureza não dar saltos”. Nesse caso, servindo-nos do termo piano, de que foi tema tão ligeiro, quão desvalioso estudo, ou seja, da itálica sentença de que piano, piano, se va lontano…

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