Sob o Véu

A ciência da vida

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Origem deste Conhecimento

A Ciência da vida (Ayur-Veda) achava-se sob custódia de Brahmã, o Criador, e d’Ele provém este conhecimento, o qual foi transmitido por um Mestre a seu discípulo e por este a outros, em séries regulares. Finalmente, o Tratado do discípulo Agnivesha teve por título CHARAKASAMHITA, pelo fato de ter sido corrigido por Châraka. Ayur-Veda ou Ciência da vida, é assim chamada por ensinar como se alcança a longevidade e como se evitam as causas das doenças.

Châraka (não confundir com Ramachâraka e outros de nomes parecidos) dizia que, boa ou má, feliz ou desgraçada pode ser a vida. Antes de entrarmos em conside- rações sobre as causas determinantes da ventura ou desventura, devemos estar pre- parados para responder esta pergunta: O QUE É A VIDA?

Châraka define-a assim: Chama-se vida a união do corpo, da sensibilidade e da alma com o Espírito. Nossa definição pouco difere dessa, pois dizemos que a vida é o fio de Sutra que liga o Espírito com a alma e o corpo. O Chandogyá-Upanishad a compara a um cordão que consegue atá-los intimamente. Se considerarmos os corpos do homem, esse fio de Sutra é o que une (ioga) todos os seus sete veículos e tem por nome Prana. Quando ele se rompe – fato que em geral se verifica prematuramente – a vida deixa de fluir para os veículos inferiores, tal como o rompimento da linha de transmissão interrompe a passagem da corrente elétrica.

Por outras palavras, a vida do homem na Terra é um entrelaçamento íntimo do corpo físico com as sensações e emoções do corpo astral, tido como alma, e com os corpos mental e causal. A vida divina se une à terrena através do Ego ou Espírito, também chamado Mônada ou Tríade. Em linguagem teosófica fala-se, por essa razão, da Tríade superior, que transcende e sobrevive ao quaternário inferior, que é a mesma tetraktis pitagórica, no símbolo do Kalki-Avatara, décimo avatara de Vishnu, sob a forma de corcel branco – animal nobre, de alvura imaculada, mesmo que apoi- ado nas quatro patas alusivas ao quaternário.

A vida é ainda o que em sânscrito se chama Dhari, aquilo que mantém a coesão dos elementos do corpo; Jivata, o que torna possível a existência; Nityoga, o que passa através: Anubanda, ininterrupto, continuidade etc. De tal coessência ou interligação de corpo, sensibilidade, alma e Espírito, diz Châraka, a semelhança é o que produz a Unidade, e a dissemelhança, a diversidade. Nesse caso, semelhança é identidade de essência e de substância. Espírito, alma e corpo, a trindade a que se dá o nome de “pessoa” (per-sona, aquele através de quem se manifesta o som), repousam sobre essa coessência com três ramos unidos ou três luzes de um só candelabro, qual

símbolo cabalístico da Árvore Sefirotal, na razão da coroa, com Kether, Chochmah e

Binah

Sobre essa trindade tudo descansa. É o que nas escrituras orientais se denomina Púrusha, a verdadeira Vida universal que anima a vida puramente animal, dentro do pequeno mundo de que é formado cada indivíduo.

Do exposto resulta que a Ciência da Vida não busca apenas a longevidade hígida do nosso organismo, mas principalmente a união e a perfeita identificação com Púrusha, o Espírito supremo Eu que se torna, assim, o regente da Ciência espiritual, por estar de posse da Consciência universal. Os Rishis consideravam as enfermidades como obstáculos ao progresso espiritual e recorriam a processos racionais para as deter ou evitar, a fim de que fosse alcançada a longevidade, qual eucaristia dos corpos humanos (a carne eucarística ou imortal das tradições) que passavam a pertencer ao “mundo jina”, agartino ou de Shamballah, a Cidade dos deuses.

O Espírito e a Ciência da Vida

“O Espírito é imutável e eterno; as faculdades, os atributos da matéria e dos sentidos são as causas”, diz Châraka. Poderíamos acrescentar a essa frase: as causas ou as formas causais, razão por que um Adepto ou Homem perfeito pode apresentar- se em corpo causal. O Espírito é a eterna testemunha de todos os pensamentos, palavras e ações, boas ou más, sem jamais ser atingido por qualquer delas, mercê de sua inalienável independência, que lhe faculta abandonar um veículo tornado indigno de sua presença, ou antes, da bênção de sua assistência. Felizes os que podem vislumbrar a Sua presença, os que distinguem a voz da Consciência, a voz silenciosa que nos acusa de todo mal que fazemos e que nos sugere todo bem que devemos praticar. A presença simbólica do Arcanjo Miguel (o mesmo Dhyanchoan Mikael), como supremo guardião à porta do Paraíso, com sua flamígera espada na mão direita, não seria para impedir a volta de Adão e Eva, mas para guardar o Éden até que a última parelha humana se redima de suas faltas ou pecados; e por isso ele sustém na mão esquerda uma balança em cujas conchas se pesam o bem e o mal que praticamos.

A expressão Espírito tem, pois, aqui a acepção de um raio de Atmã, a manifes- tação da eterna testemunha, o Jivatmã da terminologia hindu, a tríade Atmã-Búdi- Manas dos teósofos ou a Santíssima trindade de todas as tradições. Nenhuma enfer- midade, seja qual for sua causa, jamais poderá atingi-lo, mas apenas ao corpo e à mente inferior, por isso que as doenças só podem ser de duas classes, psicofísicas e psicomentais, estas originadas no mental inferior e aquelas no veículo emocional, como imperfeições e deformações do próprio aura, das quais cada indivíduo é o cau- sador, por ignorar as leis do espírito e os conhecimentos de ordem superior, dificul- tando-lhe a ascensão evolucional.

Consideram-se o corpo e a mente como formas parciais do sujeito ou indivíduo inferior, mas coesas e inseparáveis, sejam hígidas ou enfermas, até o rompimento do fio de Sutra. Da harmonia entre ambas resultam saúde e bem estar, donde o sábio aforismo – Mens sana in corpore sano.

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