Alguém realiza uma obra boa em nome de Jesus. É uma pessoa cujo nome, identidade ou profissão o evangelista Marcos não revela; diz apenas que ela, em nome de Jesus, estava fazendo o bem. Causa estranheza a abrupta reação dos discípulos: “Nós a proibimos, porque é uma pessoa que não nos segue”, disse João a Jesus. Ou seja, consideravam que ela não poderia continuar a agir daquela maneira porque estava fora do grupo de seguidores de Jesus. Essa atitude restritiva e excludente foi rejeitada por Jesus: “Não impeçam! Quem não é contra é a favor”. Para ele é mais importante olhar para as ações de uma pessoa do que saber se ela faz parte ou não da minha comunidade. Ora, se ela realizar o que a comunidade que se reúne ao redor de Jesus deve fazer, não está contra, mas a favor de Jesus. É o agir que nos revela quem está a favor ou contra Jesus: “Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,35). Para agir, portanto, em “nome de Jesus” é preciso abraçar a todos, sem excluir ninguém. Isso tem acontecido com outros “nomes”, que dão origem a grupos ou seitas extremistas, semeadores de ódio, divisões e exclusões?
Esse domingo – propondo o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos, 9,38-48 – convida, pois, ao ecumenismo e, para além dele, ao diálogo e à colaboração com todas as pessoas que procuram o bem, a justiça, a paz e tudo o que possa tornar mais humano o nosso mundo. É um caminho que nos desafia a deixar para trás as incompreensões mútuas e aquelas pretensões de que somente nós somos os corretos, verdadeiros e santos, desprezando os demais. Podemos dizer isso porque Deus não se limita aos nossos esquemas, pelo contrário, os supera sempre. Ele age na Igreja e além dela, deixando os sinais de sua presença e as marcas de sua ação em todas as pessoas e em todos os grupos humanos. Isso ajuda a derrubar barreiras e motiva a trabalhar juntos, por exemplo, em ações concretas em favor da melhoria da qualidade da vida das pessoas em nossas cidades, especialmente no bairro onde moramos.
Enfim, as outras pessoas não precisam pensar como nós e nem mesmo estar no nosso grupo. Mas temos necessidade de agir conjuntamente a favor de propostas e projetos que promovam uma educação para a paz e a fraternidade, rejeitando claramente aqueles que incitam ao ódio e à violência. Todos os homens e mulheres de boa vontade que de alguma forma lutam pela causa do homem estão conosco, pois fazem crescer no mundo a luz da fraternidade capaz de dissipar as trevas da intolerância.
“Não deixemos que nos roubem a alegria da fraternidade!”