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Pensar Verde

Indivíduos com comportamento de acumulação e a saúde única (Parte III)

“O contato íntimo e as zoonoses”

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O cenário atual da pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2), COVID-19, que estudos apontam terem se iniciado como uma zoonose, e os dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que apontam que 60% das doenças infecciosas conhecidas atualmente tem um caráter zoonótico e mais de 75% das doenças emergentes tiverem origem em animais, são um alerta de que o contato próximos com os animais possa gerar nos patógenos o conceito de spillover que é quando um patógeno que só acometia uma espécie se adapta, por meio de mutações, e passa a causar doença em outras espécies. Nesse contexto, o cenário de acumulação de animais se torna um ambiente totalmente propício para que aconteça o spillover de algum patógeno, pois a condição de estresse prolongado que estão sujeitos os animais e indivíduos com comportamento de acumulação, aliado ao déficit alimentar que enfrentam, por falta de recursos financeiros, e o contato íntimo que esses indivíduos têm com seus animais, acabam por diminuir a capacidade do sistema imune de lidar com os possíveis patógenos, podendo levar à ocorrência de mutações que permitem esses patógenos infectarem e causarem doença em várias espécies. Apesar dos riscos que estão sujeitos os indivíduos e seus animais e o grande número de animais envolvidos, estudos realizados no município de Curitiba no estado do Paraná demonstraram que a frequência de anticorpos para leptospirose e toxoplasmose nos indivíduos com comportamento de acumulação e em seus animais é menor que a frequência de anticorpos na população geral.

O Médico veterinário e os indivíduos com comportamento de acumulação

Geralmente o médico veterinário é quem assume a frente no trabalho com os indivíduos com comportamento de acumulação, pois possui em sua grade de formação disciplinas que abordam os conceitos de saúde única e é um profissional da área da saúde.  O médico veterinário consegue muitas vezes formar o vínculo de confiança com essas pessoas e assim progredir com os trabalhos que visam o manejo da população de cães e gatos envolvida e melhorias no bem-estar desses animais, reduzindo os riscos da situação. A prática da esterilização dos animais é uma das principais estratégias no manejo dessa população evitando o aumento dos animais e algumas vezes a adoção de alguns membros. Porém, ainda é necessária uma abordagem que contemple a condição psicossocial do indivíduo e as precárias condições ambientais, necessitando de auxílio de outros profissionais como assistentes sociais, médicos e psicólogos. Com isso a abordagem de um caso de indivíduo com comportamento de acumulação se torna mais facilitada, quando ocorre de forma multidisciplinar e a pessoa é assistida pelo Núcleo de Ampliado de Saúde da Família (NASF)”.

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