Alguns símbolos e alegorias que a Maçonaria utiliza para transmitir conhecimentos a seus iniciados são, tradicionalmente, baseados na ancestral observação pelo homem do ritmo e dos ciclos da natureza. O Solstício, evento astronômico que ocorre duas vezes por ano, uma delas nesta última semana, anunciando a transição entre estações do ano, é carregado de significados simbólicos para os Maçons, que reservam para esta época celebrações das mais bonitas em todo o calendário anual.
Relacionado à trajetória aparente do Sol ao longo do ano, é um fenômeno global, com efeitos físicos inversos conforme se esteja no hemisfério norte ou sul. Como informação de referência, porém, basta dizer que “o inverno começou oficialmente às 6h14 (horário de Brasília) desta terça-feira (21) no Hemisfério Sul (…). Com exceção de partes da (região Norte), o Brasil entr(ou) nesta manhã na estação mais fria do ano (que…) começa logo após o chamado solstício de inverno, que representa o dia com menos horas e a noite mais longa em todo o ano.”
Após esta “noite mais longa do ano”, a luz do dia começa de novo a, gradativamente, prevalecer sobre a escuridão noturna, o que simbolicamente se pode entender como prevalência da “Luz do Conhecimento” sobre as “Trevas da Ignorância”, elemento motivador para valorizar o permanente estudo e a busca constante do conhecimento.
Em sua origem no latim, “solstício” significa “sol parado”, pois “o movimento que o Sol aparenta realizar no céu durante o ano, ora deslocando a sua trajetória para o norte, durante seis meses, ora para o sul, nos seis meses restantes, nos mostra claramente que (…o Sol…) desloca-se durante seis meses do ano na direção do norte, e subitamente para, e passa a deslocar-se para o sul, durante os outros seis meses, quando então novamente para, e novamente inverte o seu curso, estabelecendo assim um ciclo interminável no céu.”
Estes pontos de “parada” foram denominados pelos antigos de “solstícios”. O homem ancestral imaginou os solstícios como “portas”, nos trópicos de Câncer e Capricórnio, por onde o Sol entrava e saia ao terminar o seu trajeto aparente. Como fonte de luz e calor, o Sol seria proclamado pelos primitivos como “divindade soberana” e daria o suporte principal para os cultos da antiguidade, com influência sobre quase todas as religiões e crenças.
Sob a ótica mística, este movimento sugeria “uma relação com deuses pagãos que, mais tarde e sob a influência da Igreja, seriam elementos substituídos por santos do cristianismo.” Assim, o deus pagão romano Janus, com nome próximo ao latim “johannes”, viria a ser associado aos santos cristãos João Batista e João Evangelista, cujas celebrações ocorrem justamente em datas próximas aos solstícios, em 24 de junho e 27 de dezembro.
A representação pagã de Janus era uma divindade de duas cabeças, com faces simétricas, uma envelhecida olhando para o passado, e outra jovem, olhando para o futuro. “De acordo com a posição do Sol na eclíptica (maior círculo descrito pelo astro na esfera celeste), a alegoria insinuava filosoficamente que o futuro seria construído sobre a luz do passado; sugeria também que o passado um dia fora presente e futuro, assim como o futuro seria também um dia, presente e passado.” Na tradição cristã, São João Batista “anunciou no verão a Esperança, por intermédio da vinda de Jesus que nasceria em pleno inverno (do hemisfério norte) como que fazendo renascer (…) a Luz.” Por sua vez, depois desse renascimento, São João Evangelista difundiu a “boa nova” (evangelho) de Jesus, a Luz do Mundo.
Para os Maçons, do solstício advém o simbolismo da vitória da Luz (Sol) sobre a Escuridão; e de São João tanto a firme reprovação do vício e em prol do arrependimento e da virtude (Batista) quanto a lição de que a “boa nova” da Luz se dá pela prática permanente do amor fraternal (Evangelista).
Com base em obras de G. P. Buccieri e A. H. C. Feliciano, J. B. S. Loureiro, M. S. Gomes, N. Aslan, P. C. de Miranda, e Pedro Juk; e em notícia de cultura.uol.com.br.
Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])