Há cerca de 40 anos, em 1980, o cientista norte-americano Carl Sagan lançava a série televisiva “Cosmos”, que o tornaria mundialmente famoso. A série levou a bilhões de pessoas conhecimentos até então inéditos sobre o universo e a astronomia. Em dezembro de 1996, dias antes de morrer aos 62 anos, Sagan assim se expressou em sua última entrevista: “Vivemos em um pedaço de rocha e metal que circunda uma estrela monótona que é uma das 400 bilhões de outras estrelas que compõem a Via Láctea, que é uma entre bilhões de outras galáxias que forma um universo que pode ser de grande número, talvez um número infinito, de outros universos, Essa é uma perspectiva da vida humana e de nossa cultura que vale a pena ponderar.”
A frase destaca a posição insignificante de nosso planeta e da espécie humana em relação à vastidão do universo. Essa perspectiva nos faz refletir sobre a nossa posição na grandeza do cosmos e como nossa vida e cultura são efêmeras e insignificantes em comparação com a imensidão do universo. No entanto, essa compreensão não deve nos fazer sentir insignificantes ou sem propósito, mas sim nos inspirar a apreciar e valorizar o mundo que nos rodeia e a explorar o universo para descobrir mais sobre ele e sobre nós mesmos. Devemos aproveitar ao máximo nossa existência neste pequeno pedaço de rocha e metal que chamamos de casa, enquanto mantemos a humildade e a curiosidade para aprender mais sobre o universo em que vivemos.
A perspectiva apresentada por Sagan sobre a vastidão e a complexidade do universo pode ser relacionada com a concepção dos Maçons sobre o Grande Arquiteto do Universo, a força criadora que está por trás da ordem e da harmonia do universo. É uma representação simbólica de uma entidade transcendental, responsável por criar e manter o universo, que sugere haver algo muito maior e mais complexo do que nós, e que essa força está presente em tudo o que existe, levando-nos a ser éticos, humildes e respeitosos diante da grandiosidade do universo. Devemos procurar entender o nosso lugar dentro dele, dando a devida importância à busca por conhecimento e sabedoria.
Além disso, a humildade se relaciona estreitamente com o amor fraterno, ou amor ao próximo. Ambas são virtudes que nos ajudam a viver em harmonia e a construir relacionamentos saudáveis. A humildade é a qualidade de reconhecer nossas próprias limitações e imperfeições e aceitá-las com serenidade e equilíbrio emocional. É uma virtude que nos ajuda a evitar a arrogância, a vaidade e o egoísmo, pois nos torna mais conscientes das nossas próprias fraquezas e limitações, e nos ajuda a ter mais empatia e compaixão pelos outros.
O amor fraterno, por sua vez, é a expressão do amor que sentimos pelos outros seres humanos. É uma virtude que nos leva a tratar os outros com respeito, compreensão, generosidade e bondade, independentemente das diferenças de crenças, culturas, etnias ou condições sociais. O amor fraterno nos ajuda a desenvolver a empatia, a compaixão e a solidariedade com os outros, e a construir laços de confiança e afeto. Juntas, essas virtudes nos levam a construir relações mais autênticas, harmoniosas e gratificantes com as outras pessoas, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.
Em certa ocasião, ao contemplar uma imagem da Terra (um “pálido ponto azul” no universo) captada por uma sonda espacial, Sagan comentou que “tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de humildade e construção de caráter. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o pálido ponto azul, o único lar que nós conhecemos.”
Afinal, como também dizia o próprio Sagan, todos nós somos apenas “poeira das estrelas”.
Com base em obras de Carl Sagan.
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