Na semana anterior, indicamos que a Maçonaria “procura conseguir a felicidade dos homens por meio da elevação espiritual e pela tranquilidade da consciência”, e passamos rapidamente pelo entendimento de filósofos gregos da Antiguidade sobre o conceito de “felicidade”, até chegarmos a Platão (427 a.C.-347 a.C.), para quem a felicidade seria alcançada pelo exercício da virtude e da justiça, não estando porém a ética limitada à vida privada, pois “a função do Estado era tornar os homens bons e felizes.”
Aristóteles (384 a.C./322 a.C.), discípulo de Platão, dedicou ao filho um livro sobre a “felicidade”, “Ética a Nicômaco”. Sendo “mais amigo da verdade” do que do mestre, criticou o idealismo de Platão, afirmando que para alguém ser feliz são necessários alguns elementos básicos, como boa saúde, liberdade e boa situação sócio-econômica, porém a maior virtude da “alma racional”, do homem, é o exercício do pensamento, estando assim a felicidade associada à atividade pensante do filósofo. Também considerava a política como uma extensão da ética e, consequentemente, que é função do Estado (no caso, a “polis” grega) criar condições para o cidadão ser feliz.
Contudo, a “polis” estava justamente deixando de existir, para dar lugar ao império de Alexandre o Grande. em que surgiram três escolas de pensamento, as “filosofias helenísticas”, que durariam até o final do Império Romano. Por caminhos diferentes, tais escolas concluíram que “para ser feliz, o homem deve ser não só autossuficiente, mas desenvolver uma atitude de indiferença, de impassibilidade, em relação a tudo ao seu redor”, ou a “apatia”, termo que, na época, não tinha o atual sentido patológico.
Epicuro (341 a.C.-271 a.C.) esclarecia que a “apatia” não significava abdicar ao prazer que, ao contrário, era essencial para a felicidade, mas não o prazer “dos dissolutos e dos crápulas” e sim o prazer “da impassibilidade que liberta de desejos e necessidades.” Depois dos filósofos gregos, a felicidade saiu do radar dos pensadores por um longo período, pois durante a Idade Média os filósofos cristãos, santos da Igreja, buscavam mais compreender a “salvação da alma” do que a mundana “felicidade”.
Já na Idade Moderna, John Locke (1632-1704) e Leibniz (1646-1716), identificaram a felicidade com o prazer, um “prazer duradouro”, e Immanuel Kant (1724/1804), a definiu, em “Crítica da razão prática”, como “a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece de acordo com o seu desejo e vontade”. Para Kant, porém, por estar no âmbito do prazer e do desejo, a felicidade nada tem a ver com a Ética e, portanto, não interessa à filosofia, um argumento tão convincente que as escolas filosóficas que o sucederam não se interessaram mais pelo tema da felicidade.
Não obstante, “(…) na mesma época de Kant, a ideia de felicidade ganhou lugar de destaque no pensamento político e buscá-la passou a ser considerada um “direito do homem”, como está consignado na Constituição dos Estados Unidos da América (1787), redigida sob a influência do Iluminismo”, muito afeto, aliás, à Maçonaria.
Na próxima semana ainda seguiremos nesta viagem histórica e filosófica em busca da felicidade.
Com base em informações de gob-pr.org.br, educação.uol.com.br e wikipedia.org.
Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])