conecte-se conosco

Maçonaria

Educação e trabalho (2)

No seu ofício de construtores de catedrais na Idade Média, os Maçons operativos “descobriram todo um conjunto de verdades no processo do seu trabalho; e estas verdades não foram descobertas ou mesmo adivinhadas pela igreja, pelo estado ou pela população”

Publicado

em

O segredo da Maçonaria

Vimos na última semana a correlação do conceito de “formação plena do homem”, decorrente das sete artes liberais da antiguidade (retórica, lógica, gramática, música, aritmética, geometria e astronomia), com a longevidade da Maçonaria como instituição mundial. No seu ofício de construtores de catedrais na Idade Média, os Maçons operativos “descobriram todo um conjunto de verdades no processo do seu trabalho; e estas verdades não foram descobertas ou mesmo adivinhadas pela igreja, pelo estado ou pela população.” Descobriram, principalmente, “que a educação pertencia ao trabalho; esta ligação da educação com o trabalho, esta insistência de que o trabalho envolve educação, não foi sonhada na Grécia e em Roma, não foi vista na Idade Média.” (Daphoe)

Temos destacado neste espaço a importância da educação para o desenvolvimento do homem e da sociedade, e consequentemente das nações, algo evidente, mas em geral negligenciado principalmente no processo de alocação de verbas para despesas e investimentos governamentais. Contudo, sem priorizar a educação de qualidade, que ao longo da vida proporcione oportunidades para todos, inclusive de trabalho, as nações não conseguirão “quebrar o ciclo de pobreza que tem deixado para trás milhões de crianças, jovens e adultos”, conforme alerta a Unesco.

São amplamente conhecidos os exemplos de países, como a Finlândia, que ao priorizar a educação liberal alçaram-se a um patamar de desenvolvimento econômico elevado, mesmo sendo territorialmente pequenos em relação a gigantes como o Brasil. Na maior parte do mundo, porém, priorizar a educação, não é prioridade. O homem liberalmente educado é um eleitor mais consciente, e isso talvez não interesse a quem, justamente, depende do voto para participar e influir na destinação de verbas públicas, inclusive para a educação, e assim fica “o cachorro correndo atrás do próprio rabo”. Abaixo e pior que isso está a triste realidade dos países totalitários, em que sequer há o voto e prevalece a educação doutrinária, a imposição ideológica.

No Brasil, não nos falta que a legislação dê a devida importância à educação liberal. A Constituição Federal afirma que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, vigente desde 1996, regulamenta a previsão constitucional para determinar que “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios”: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional da educação escolar; gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extraescolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; consideração com a diversidade étnico-racial; garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida; e respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva.

Lindas palavras que, salvo honrosas exceções, aqui e ali vão sendo deturpadas ou se perdendo nos entremeios de inúmeros interesses políticos, ideológicos e financeiros, fazendo com que mesmo após 34 anos de promulgada a bem-intencionada Constituição, no Brasil ainda tenhamos que clamar pela prioridade à universalização da educação e do ensino público de qualidade, como pressupostos para o efetivo desenvolvimento do País. 

Hoje já não se pode mais dizer que seja um segredo da Maçonaria a descoberta centenária de que a educação pertence ao trabalho e o trabalho envolve a educação, é algo bem sabido pela humanidade, com resultados efetivos em países que alcançaram o status de “desenvolvidos”. Aos demais, fica a também antiga sabedoria chinesa: “Saber e não fazer, ainda não é saber” (Lao Tse), ou, “Saber o que é correto e não o fazer, é falta de coragem” (Confúcio). 

Com base em “As sete artes e ciências liberais”, de Stephen Daphoe, por Antonio Jorge, em freemason.pt; unesco.org e wikipedia.org. Constituição Federal e Lei 9.394/96.

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

Publicidade










Em alta

plugins premium WordPress