Ah! – Que belo é o rio …
Correndo lânguido e sereno,
Refletindo o casario
Como um comprido espelho. (O rio, Felipe Nicolau)
Os rios sempre tiveram papel fundamental para a fundação das cidades. Em um tempo em que o transporte por terra era primitivo, os rios eram o meio utilizado para percorrer longas distâncias. E em suas margens surgiam povoados, e destes, muitas cidades nasceram.
Freitas (1994) cita que a segunda povoação de Paranaguá ocorreu à margem esquerda do Rio Taguaré (hoje Itiberê) na década de 1570.
Os pioneiros que ocuparam a Ilha da Cotinga após décadas, constataram que o ambiente insular não oferecia mais condições para o plantio, e com a crescente população, transferiram-se para o continente. Ao mesmo tempo, a descoberta de ouro de aluvião, o ouro encontrado nos leitos dos rios, muitos aventureiros chegaram procedentes de Cananéia, São Vicente, Santos, Rio de Janeiro em veleiros, que ficavam ao redor da Ilha da Cotinga e no Rio Taguaré (Itiberê).
Durante os séculos seguintes, o Porto natural Nossa Senhora do Rosário ao longo da margem esquerda do Rio Itiberê avançou até em direção de sua foz, na Baía de Paranaguá, e ergueram-se casarões, mercados, o Colégio dos Jesuítas.
Com a crescente movimentação comercial na Rua da Praia e o assoreamento do rio impedindo a chegada de embarcações maiores, que ficavam fundeadas na enseada da Ilha da Cotinga e obrigando o transporte de cargas a ser realizado pelas lanchas e canoas, ficou evidente a necessidade da construção de um novo porto.
Recortamos um trecho do cronista da década de 1860, Demétrio Acácio Fernandes da Cruz (SEEC, 1990):
“A Cutinga é o logar que serve para ancoradouro dos navios, a carga, e a descarga. Dista do edifício da alfândega duas milhas em linha recta. É o logar mais profundo e abrigado do porto, é onde fundeam os navios de lotação maior de 200 toneladas.”
Embora um novo atracadouro tenha sido construído em local mais distante, a cidade de Paranaguá consolidou-se às margens do Rio Itiberê, onde as residências, casas comerciais, evidenciam a grande importância na economia paranaense.
Carla Cristina Tonetti Zaleski
IHGP – Diretora de Geografia