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Quitutes e doces: A tradição das barracas na festa do Rocio

O texto desse fim de semana busca trazer alguns apontamentos sobre a festa

laranjas

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Dando continuidade ao tema da festa de Nossa Senhora do Rocio, o texto desse fim de semana busca trazer alguns apontamentos sobre a festa, em específico, a tradição da venda de quitutes e comidas no Rocio.

Na década de 1860, o viajante Julius Platzmann relatou que após as novenas do Rocio, havia do lado de fora da capela muitas pessoas vendendo doces, quitutes e bebidas. Se encantou com as belas africanas que vestiam largos xales jogados sobre os ombros e que vendiam tortas e confeitos de coco e Cidra. Além das guloseimas, observou muitas crianças brincando em grupos. Sobre a orla, à frente da capela, os veleiros traziam mais passageiros à festa. Sob a sombra das laranjeiras, ficavam amarrados os numerosos cavalos e mulas, que volta e meia ficavam assustadas pelos foguetes. Do lado de fora, Platzmann também pode comprar uma cerveja inglesa que agradou o seu paladar anglo-saxão. 

O relato de Platzmann traz elementos importantes para se observar. Platzmann presenciou a festa durante a década de 1860, período em que o trajeto até o Rocio era feito por veleiros, canoas e alguns vapores que paravam em frente a igreja. Por terra, o caminho era percorrido por uma estrada de chão que conduzia até a capela. Já nesse contexto, Platzmann ficou encantado pela movimentação observada após as novenas. Do lado de fora da igreja, era um espaço de divertimento e de confraternização onde as crianças se encontravam para brincar, onde também os devotos e visitantes degustavam doces e petiscos.

A movimentação da festa do Rocio pode ter aumentado, sobretudo, após a conclusão da ferrovia ligando Paranaguá a Curitiba, no ano de 1885. Muitos dos jornais dessa época anunciavam a festa na capital da Província. É provável que nesse contexto, além dos devotos de Paranaguá, a festa passou a ser frequentada também por devotos oriundos de Curitiba, Morretes e Antonina. A própria transferência do porto, ao Porto D’Água, e a abertura de estradas nas décadas do século XX, podem ter trazido mais visitantes, uma vez que no porto haviam muitos marinheiros oriundos de diversos países. É provável, que a venda e comércio no entorno da igreja tenha aumentado ao longo dos anos ganhando uma dimensão maior. Quanto a venda de doces e quitutes está tradição também foi ganhando força, se tornando uma característica apreciar os quitutes após a novena. Pesquisando em jornais, encontramos informações que já na década de 1930 haviam barracas que vendiam doces, churrasco, sorteavam prêmios e faziam a alegria dos visitantes do Santuário. Alegria e divertimento que ainda se encontra presente nas festas atuais.

Priscila Onório Figueira

Diretora Departamento de História IHGP- Biênio 2021-2022

Fontes consultadas:

PLAZTMANN, Julius. Da baía de Paranaguá. texto traduzido, comentado e ilustrado por Francisco Lothar Paulo Lange. – Curitiba, PR: Edição do tradutor, 2010.

HEMEROTECA DIGITAL. Festa N. S. do Rocio. O Dia. ano 10, n. 3011, Curitiba: 3 de novembro de 1933. P.3.

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