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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

PURGATÓRIO – COLÔNIA ALESSANDRA/ALEXANDRA

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O decreto imperial que culminou com o encerramento das atividades da Colônia Alessandra (Alexandra) motivou o Ministro da Agricultura a impedir que os imigrantes deixassem o local, sob a alegação de onerar ainda mais os cofres do Império. O argumento levava em conta o grande número de imigrantes que entraram na Colônia entre os anos de 1877 e 1878. Além disso, os imigrantes introduzidos nos anos anteriores oneravam, consideravelmente, o orçamento. As instruções expedidas aos agentes diplomáticos e consulares do império era para não promoverem a concessão de favores, a vinda de imigrantes, e sobretudo, suspenderem, temporariamente, a vinda de imigrantes russos e alemães. 

Nesse contexto, a Colônia Alessandra já não pertencia mais ao empresário Savino Tripoti. O empresário Savino Tripoti viu-se sem recursos para manter o seu estabelecimento na colônia onde já estavam estabelecidos cerca de 700 colonos, além de aguardar outros 1.200 imigrantes que estavam chegando de Genova. Nesta situação, o Inspetor Geral, junto ao Dr. Lamenha, foram a Paranaguá para tentar estabelecer um acordo com Savino Tripoti. Sem um acordo, o governo que já tinha rescindindo o contrato anterior, tentou reestabelecer apenas os colonos que não queriam mais ficar na Colônia e, mais outros 800 colonos que foram abandonados por Savino Tripoti. 

Tripoti devia ao Governo uma quantia elevada. O empresário não quis entrar em acordo com o governo para entregar o seu estabelecimento, e desse modo, ele abandonou os colonos da Alexandra, até que houvesse uma resolução definitiva sobre o assunto. Então, iniciou-se o período conhecido como Purgatório, período no qual a Colônia Alexandra acabou abandonada à própria sorte, sem comando e sem recursos financeiros. Antes da Colônia ser requerida pelo governo, Tripoti estava concluindo a implantação de um engenho movido a vapor para o processamento da cana-de-açúcar. Porém, o engenho, os moinhos de cereais e outros maquinários construídos acabaram sendo afetados pela corrosão, devido à falta de um gerente que pudesse administrar adequadamente a operação e a manutenção dos equipamentos. 

Em 1877, a cana produzida pelos colonos da Alexandra precisou ser queimada, pois não havia uma estrada adequada para escoar a produção. No final de 1879, sem condições de continuarem produzindo e por falta de maquinário adequado a produção, os colonos começaram a desanimar. Na ocasião, os colonos enviaram uma correspondência ao Presidente da Província Manoel de Souza Dantas Filho. Na correspondência, relatavam as condições que enfrentavam e a miséria em que estavam vivendo, registrando um apelo: Com sua alta sabedoria e magnânimo pondere! Por cinco anos trabalhamos lutando com todas as dificuldades, até com a fome, falta de forças e de coragem, pedimos a Vossa Excelência representante do governo e nosso natural protetor. Pão por nós e por nossas famílias que morremos à mingua. 

Colônia Alessandra, 27 de dezembro de 1879.

Bibliografia Utilizada: 

Arquivo Público do Paraná AP-581p.27 a 28 v. 

Cavanha, Jussara Nena. Colônia Alessandra. Curitiba: Progressiva, 2012.

Livro – Leis do Brasil – 1878 

Jornal Dezenove de Dezembro -Nº 1903 -ano 1878 

Geovanny de Souza – Diretor da Biblioteca IHGP 

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