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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

O “SENHOR DO TEMPO” E O RELÓGIO SOLAR DE GUARAQUEÇABA

Dando alimento à sagaz fome do historiador, inicio por uma rápida busca ao nome Félix Carbajal,

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FÉLIX PEYRALLO CARBAJAL

O SENHOR DO TEMPO

Dando alimento à sagaz fome do historiador, inicio por uma rápida busca ao nome Félix Carbajal, conforme levantado e gravado na placa, em nosso Relógio Solar em Guaraqueçaba. Alguns resultados da busca me direcionam a um goleiro mexicano ou um corredor cubano, mas outro ao “Senhor do Tempo”; este, nômade, com outros tantos adjetivos como o andante, o andarilho, ou como ele mesmo se intitulava: “um peregrino feliz pelo mundo”.

Félix Peyrallo Carbajal nasceu exatamente no dia 23 de setembro de 1905 – equinócio de Primavera – em Montevidéu, Uruguai. Órfão desde a mais tenra idade, já em seus primeiros instantes de vida terrena, o sentimento era vida e morte – a mãe falecera no trabalho de parto. Década depois, o pai, violinista, vindo a falecer deixa-o como herdeiro não somente de uma considerável quantia financeira, mas o amor pela arte. 

Aos 17 anos, três após a morte do pai, inicia sua “peregrinação pelo mundo”, rumando à Madri, Espanha, onde boa parte de seus recursos financeiros foram empregados em sua formação, estudando Letras; em Paris estudou História na Sorbonne, aluno de Piaget, convivendo com Hemingway.

Espanhol, inglês e francês falava bem; escrevia e lia em italiano, grego, latim, alemão e alguns idiomas indígenas; ainda estudara Filosofia e Ciência no México, possuindo Doutoramento em Stanford (E.U.A), onde, já anarquista e sem apego material algum, descobre que também acabara todo seu dinheiro e “sem documento, sem diploma, sem família, sem laços”, seguiu caminhando levando sua extrema sabedoria e uma muda de roupa – sempre branca – escrevendo para jornais e revistas e por onde passava proferia palestras; foram mais de 10.000 – era sua contrapartida aos lugares em que era acolhido.

Certa vez, na Nicarágua queria conhecer a casa de Ruben Darío, porém, numa revista que folheava um garoto, viu o desenho de um relógio solar e como distração, rapidamente fez uma miniatura, espalhando sua fama de construtor de relógio. Do primeiro, somaram-se outros 500 relógios projetados e 180 construídos pelos 64 países e 28 colônias em que passou, dentre os quais no Brasil nos estados da PB, BA, RS, SC e PR (Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba).

Desta passagem por Paranaguá, Félix fora convidado pelo então recém-eleito Prefeito de Guaraqueçaba Gabriel Ramos da Silva, em 1969, para a construção do Quadrante Solar em Guaraqueçaba.

Ao certo não muito diferente das suas passagens por outras regiões, chegara em julho de 1969, com uma maleta nas mãos onde portava um caderno de anotações, livros e algumas peças de roupas brancas, chamando a atenção na bucólica Guaraqueçaba, recebendo aqui, por causa de suas ideias geniais e pensamentos fantásticos, uma nova alcunha: “louco número 1”.

Em menos de dois meses, concluída sua obra, continua sua peregrinação pelo mundo, resta-nos hoje, nosso Relógio Solar, uma marca do “Senhor do Tempo”.

Félix Peyrallo Carbajal desde 2003 habitava o asilo público em Blumenau/SC. Faleceu em agosto de 2005.

Prof.º José Muniz
Historiador – Sócio do IHGP

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