Nossa Senhora do Pilar

Os primeiros devotos de N. Sra. do Pilar, localizados na baía de Guarapirocaba, efetuavam o culto desta Santa em uma choupana, onde viviam duas irmãs, uma delas com nome de Tereza. Elas possuíam uma estampa da virgem e, todos os anos, celebravam terços em 15 de agosto, junto a seus vizinhos, mineradores e lavradores das bandas da Graciosa, Guarapirocaba e Cubatão dos Três Morretes.

A esta demonstração de fé associou-se o Sargento-Mor de Paranaguá, Manoel Vale Porto, minerador e possuidor de vários escravos. Ele tinha sitio no atual bairro Portinho fronteiro à ilha da Graciosa, hoje conhecida por Corisco, decidiu com a ajuda dos devotos construir uma capela, onde melhor fosse rendido o culto à adorada Santa.

Iniciada a construção, Manoel encomendou a um encarnador da Bahia uma imagem da Santa. Entendeu, porém, o santeiro, que com outra santa o caso seria resolvido, evitando, assim, o trabalho de encarnar a estátua.  O Santeiro baiano enviou, maldosamente, uma imagem de N. Sra. Da Soledade, certo de que não a devolveriam naqueles confins da colônia. Entretanto, não foi o que sucedeu, pois o engano foi notado e a imagem voltou para a Bahia. 

Enquanto isso o Sargento-Mor pleiteava junto ao Bispo do Rio de Janeiro, D. Francisco de São Jeronimo, a licença, que veio a 11 de setembro de 1714. Construiu primeiro a Capela para cinquenta casais e, quando a verdadeira imagem chegou, Manoel depositou a Santa em seu altar e doou para a igreja metade de sua sesmaria da Graciosa.

Grande satisfação tinham os devotos vendo construída sua ermida, mas nem por isto estavam desobrigados de irem a Paranaguá prestar obediência aos preceitos canônicos. 

Aos moradores de Guarapirocaba, a viagem poderia ser evitada, com a presença de um pároco. 

O requerimento veio em maio de 1719 e, por resolução, demarcaram-se os limites paroquiais com a Vila de Paranaguá. Houve a bênção do Santuário em 14 de agosto de 1722, tendo participado o Vig. de Paranaguá, Padre Cristóvão Costa e Oliveira, Pedro da S. Pereira e Lucas R. França.

Do primitivo núcleo que se formara na baia de Guarapirocaba, surgiu a freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa e mais tarde, a 6 de novembro de 1797, a Vila de Antonina.

Antonina, cuja formação social iniciou-se e vive até nossos dias, sob a invocação da divina padroeira.

Hamilton F Sampaio Junior

Referências:

José G. Vieira

Periódico “A Divulgação” ed. 143 pág. 40.