Dia 8 de março

Cordulas, ou Marias, anônimas, não importa. Independente da condição social, econômica ou de terem praticado algum ato heroico, todas participaram, fizeram e continuam construindo a história do Paraná. Ao longo dos séculos, várias paranaenses imprimiram seus nomes quer no cenário político, artístico ou, simplesmente, vivendo o seu dia-a-dia e contribuindo para tornar mais rica a nossa história.

No Dia Internacional da Mulher é um momento de despertar para a reflexão de que a história é um objeto em construção coletiva. As mulheres consideradas heroínas “são retratos de uma época” e a história não é feita só de grandes nomes, as mulheres anônimas também deram a sua parcela de colaboração para construir o cenário do qual algumas viraram símbolos de um tempo. Uma das que mais nos desperta controvérsia é Cordula Rodrigues França, que fez parte de um evento único, a luta pela separação do Paraná de São Paulo, na Conjura Separatista de Bento Vianna.

Cordula nasceu em 1750, na Comarca de Paranaguá, Província de São Paulo, imaginamos que ela herdou a verve “mandonista” do seu bisavô Capitão-Mor João R. de França. Aparece no censo da época como “chefe do domicílio” e era uma das maiores rentistas urbanas de Paranaguá, seus cativos atuavam como carpinteiros, agricultores de mandioca, empregados no serviço doméstico e jornaleiros, o que era muito comum no Brasil oitocentista.

Uma mulher extraordinária em sua época, ela poderia ter passado despercebida pela história, a não ser por um detalhe, ela escreveu uma carta a seu filho relatando os fatos acontecidos no dia 14 de julho de 1821. Foi sem dúvida uma grande mulher em seu tempo, enfrentou dificuldades e esteve envolvida nos eventos que levaram a formação de nossa identidade, deixou registros importantíssimos a respeito da formação de nosso Estado, talvez motivada para salvaguardar seu filho, mas, sem dúvida alguma, honrou o legado de seus antepassados. Faleceu em 1831 em Paranaguá.

Hamilton Júnior

Historiador

Sócio Correspondente do IHGP

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