Apesar das discordâncias em torno das datas e localização geográfica sobre a fixação dos primeiros grupos povoadores no Litoral do Paraná, a data mais lógica é a de 1550 quando a emigração vinda de São Vicente e Cananeia foi iniciada, descendo rumo ao sul, localizando-se, primeiramente, ao longo da Baía de Paranaguá, numa ilha, que era o local julgado como o mais seguro contra a sanha dos carijós. Esses colonizadores passaram, então, a chamar aquele local de CO-TIN-GA que, segundo os indianistas, significa Roça de Brancos.
Além disso, é evidente que Paranaguá não começou a sua vida em 1648, pois, segundo o historiador britânico Robert Southel, baseado em memórias de Staden, revela que em 1549 existiam europeus na região do Superagui, portanto poderiam existir noutros locais do vasto estuário parnanguara. […]
A Ilha da Cotinga, na Baía de Paranaguá, esse majestoso símbolo dos primeiros agrupamentos civilizadores, vai descobrindo seus mistérios de quase 500 anos, vai deixando que estudiosos e pesquisadores da idade mais nova descubram no seu coração de pedras, mataria e águas cristalinas, o generoso poema de sua verdadeira identidade.
Ontem, a ilha da Cotinga era apenas um acidente geográfico onde as famílias emigrantes se estabeleceram. Hoje, a Cotinga é uma revelação nova dos tempos velhos da gente de Paranaguá.
Ontem, a Cotinga era história fácil, local simples de devaneios. Hoje, é uma fonte de mistérios, de sonhos, de belezas, onde já foram encontradas inscrições rupestres de mais de quatrocentos anos, ruínas e vestígios do “modus vivendi” dos pioneiros da marcha civilizatória paranaense. Desconfia-se até que há tesouros de piratas enterrados algures e muitos enigmas à sombra das pedras, ao fundo dos socavões…
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E a Cotinga está ali, atraindo a admiração dos viajantes, pesquisadores e historiadores, misteriosa e bela, cheia de mais de quatro séculos de história e heroísmo, de sonhos nunca decifrados e de amores desconhecidos.
Paranaguá possui uma da belas e mais profundas baías do mundo, salpicada de ilhas e rodeada de enseadas magníficas, é só parar, OLHAR E VER, VER E SENTIR todas essa beleza natural que Deus nos presenteia. A COTINGA é, por exemplo, um perfeito quebra-vento do leste e sueste, como a Serra da Prata é quebra-vento do quadrante sul e de su-sueste.
Temos que zelar por esse imenso patrimônio que recebemos de graça sem ágio e sem mesquinhez, e se quisermos embelezá-lo, respeitemos suas origens, sem depredações, sem fome destruidora, apenas enfeitando mais o ambiente, domando-o para uma melhor convivência entre o homem e a natureza, para que, no futuro, não paguemos caro pelo crime do nosso desrespeito à ecologia.
]Referência: Crônicas e Poemas que Paranaguá me Inspirou, Swami Vivekananda, 1986.