Alguns contos são fantásticos, criados pela imaginação fértil das pessoas. Outros são reflexos da realidade, alguns trágicos, alguns alegres, carregam constante expectativa sobre o desfecho.
Também temos os de fundo histórico que, quando feitos com lisura, contribuem na vida das pessoas, quer quanto a fatos, quer quanto à lição moral que carregam.
Para alguns, os “contos” podem ser maçantes e, para outros os contos os remetem a viagens indescritíveis pela imaginação.
Eram idos de 1680.
Na costa do Rocio, da Vila de N. Sra. do Rosário de Paranaguá, viviam pescadores que viviam do que o mar lhes dava. Uma noite em novembro, numa calmaria de verão, estavam os pescadores a lidar com suas redes, lançadas várias vezes no mar, sem pegar um único peixe. Parecia, a estes infelizes, que Deus os abandonara.
Desanimados e sem esperança de conseguir ao menos alimento para o sustento de suas famílias, os homens já pensavam em voltar à terra.
Resolveram, lançar mais uma vez as suas redes, talvez guiados por alguma força sobrenatural, na parte do mar onde a lua lançava seus raios cor de prata, aonde a própria lua quase tocava o mar. Hipnotizados pelo espetáculo, lançaram-na ao mar, com a alma cheia de esperança.
Algum tempo passou, ouvindo o marulhar das ondas, com uma sensação de paz inexplicável, puxaram a rede e, sentindo-a leve, perceberam que nada haviam pescado.
Mas, ela trazia algo pequeno, entre as malhas, não se podia reconhecer, mas que aberta a rede na canoa, era uma pequena imagem da Virgem do Rosário. Atônitos, não sabiam o que fazer.
Um dos pescadores, o mais velho, tomou como bom presságio, era a “Nossa Senhora” que vinha em seu auxílio. Colocaram a “imagem” no fundo da canoa e lançaram a rede ao mar, esse mesmo mar que lhes fora tão ingrato, mas dessa vez, a rede vinha carregada de peixes. A pesca seria abundante! Milagre de Maria Santíssima. A “Virgem”, que seria do “Rocío”, havia feito seu primeiro milagre.
Trouxeram, os pescadores, a “imagem” para a terra, de modo a venerá-la e passaram a chamá-la “N. S. do Rosário do Rocío”, por ser achada na costeira do Rocio.
Os primeiros milagres logo se fizeram e, em pouco tempo, essa fama correu de choça em choça, incentivando, o culto fervoroso daquelas almas simples que, nas suas aflições, recorriam, com ardente fé, ao patrocínio da “Senhora do Rocio”.
Hamilton Ferreira Sampaio Junior – Historiador – Sócio Correspondente do IHGP
Referência: VIANA, Manoel. Paranaguá na História e na Tradição: Paranaguá na História e na Tradição. 1. ed. [S. l.: s. n.], 1971