Freitas, em “História de Paranaguá: das origens à atualidade”, narra a chegada dos primeiros brancos à Ilha da Cotinga: “Na década de 1550, através de Ararapira e Superagüi, penetrando e navegando a vasta e bela baía de Paranaguá, as canoas vicentinas aportaram na ilha da Cotinga, próxima do continente. Admirados de ver em derredor muitas habitações de índios Carijó, e receosos talvez de que lhe fizessem alguma traição, foram em direitura à ilha da Cotinga, para o lado do furado que a divide da ilha Rasa, onde principiaram as suas habitações. Esta primeira povoação na ilha da Cotinga, perdurou por quase 20 anos, depois mudaram para o lugar da ribanceira onde ora está, Paranaguá, talvez porque achassem o terreno mais apropriado para formarem a povoação, ser arenoso, ter uma formosa planície onde acharam uma fonte de água nativa e oferecendo o rio Taguaré, hoje Itiberê, um seguro fundeadouro, abrigado dos ventos e dos piratas em suas baías”.
Com a chegada do Capitão-Mor Gabriel de Lara, este doa por sesmaria a Ilha da Cotinga, adjunto com a Ilha Rasa, no ano 1669, ao Capitão João Veloso de Miranda, que nela residia e esta depois continuou com seu filho Antônio Morato, que aturou mais de 60 anos, respectivas às terras do rocio.
Sem estradas para o interior da vila recém formada, até então, as pedras oriundas das pedreiras da Ilha, a extração da madeira e do barro, eram utilizados como material de construção, pelos moradores do outro lado do rio, e havia a condição de que este material continuasse servindo aos moradores sem custo, o que não foi cumprido pelos seus donatários. Esta situação perdurou por mais de 20 anos, até que os recursos da ilha retornassem à utilidade pública.
Morgenstern, em “Porto de Paranaguá Contribuição à história – Período 1648-1935”, nos conta que o primeiro lugar a servir de atracadouro aos brancos chefiados por Domingos Peneda, foi a Ilha da Cotinga, que lá aportaram e a ocuparam por algum tempo.
Os anos passaram e a partir de 1860, as embarcações de maior porte começaram a chegar e, na impossibilidade, ou receio, por causa do calado, de subir o rio, até o atracadouro da cidade, faziam de fundeadouro as águas ao largo da Ilha da Cotinga, em frente ao então chamado “Porto do Alemão”.
Nas obras de ampliação do porto D. Pedro II, já em 1933, a Ilha da Cotinga mais uma vez cresceu em importância quando as suas pedreiras foram entregues à Christiani & Nielsen Engenheiros e Construtores S/A. Na ilha chegaram a trabalhar 85 homens na extração e britagem de pedras, já na construção do cais do porto no continente, trabalharam 120 homens. Urgia cumprir o cronograma da obra.
De lá para cá, a despeito de toda modernidade e evolução tecnológica do outro lado do rio, a Ilha da Cotinga ainda conserva as características de antigamente, sem grandes intromissões na sua paisagem, fauna e flora.
É baixa a densidade demográfica da ilha, duas comunidades indígenas vivem em harmonia; uma escola atende à população e há algumas poucas casas de moradores, localizadas na margem ribeirinha.
Almir Silvério da Silva
Diretor do MIS – IHGP
Referências:
Freitas, Waldomiro Ferreira de, História de Paranaguá: das origens à atualidade. Paranaguá, IHGP, 1999, 560 p.
Morgenstern, Algacyr Porto de Paranaguá Contribuição à história – Período 1648-1935. Paranaguá 1985, 136 p.