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Crônicas

Prazer, Fran Lebowitz!

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Você já ouviu falar em Fran Lebowitz?

Fui apresentada a ela pela série documental “Faz de conta que Nova York é uma cidade”, disponibilizada pela Netflix.

Fran está lá nos seduzindo o tempo todo. 

Nada de maquiagem, cabelo repartido ao meio (no melhor estilo lavou/secou em casa mesmo), figurino composto por ternos masculinos (aparentando sempre um número a mais do que o seu manequim real) e botas cowboy.

É possível seduzir assim?

Nesse caso, a arma de sedução usada é outra: a inteligência (a meu ver, a melhor). 

Nos sete episódios, de trinta minutos cada, Fran aparece comentando sobre a cidade de Nova York numa mistura de amor e ódio, além de tratar sobre temas variados. Há também recortes de entrevistas que ela concedeu a Spike Lee, Alec Baldwin e Martin Scorsese. Este último, amigo de décadas, que a dirige na série. Uma direção que nos dá a clara impressão de que ali não houve trabalho, e sim diversão. Scorsese gargalha inúmeras vezes diante da verve afiada de Fran.

Ela é uma escritora com quatro livros publicados, dois deles de crônicas, mas ganha a vida dando palestras. Frequentemente é convidada às poltronas de talk shows para falar sobre qualquer assunto dentro de uma ótica muito peculiar.

Raciocínio rápido, ironia, sarcasmo, acidez, provocação e muitas opiniões tecidas por um olhar aguçado e diferenciado, além de pitadas de rabugice fazem de Fran Lebowitz ser quem ela é. Que delícia deve ser Scorsese e Fran conversando sem nenhuma câmera ligada, no dia a dia, sem cortes e edições. Duas potências vivas! 

Fran não tem celular, nem computador, nem máquina de escrever. É avessa à tecnologia e vive bem-acompanhada com um acervo de dez mil livros num apartamento grande o suficiente para caber todo esse arsenal cultural. 

Ela não segue padrões, não cabe numa caixinha, não se enquadra em teorias repetidas. Tem as próprias, bem-argumentadas e estruturadas, capazes de paralisar plateias e deixar todos de queixo caído diante de sua inteligência.  

Sedução em grau elevadíssimo!

Por: Kátia Muniz

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